(R)Evolução
Em coluna inédita ao Sechat, o colunista Fernando Paternostro fala sobre a necessidade - e os benefícios - da evolução do mercado da cannabis no Brasil que, por mais que lentamente, está caminhando para uma maior construção
Publicada em 04/06/2021
Coluna de Fernando Paternostro*
Um ato evolutivo acontece quando se resolvem questões permanentemente. Sendo assim, e para conseguir resolver algo de forma definitiva, apenas com muita perseverança e persistência é realmente possível conseguir romper essa barreira. Só aqueles que estão sincronizados com seu momento de vida são capazes de perdurar as dificuldades entre expectativa e realidade, e então evoluir.
Dentro do universo da cannabis brasileiro, o nosso próprio space tupiniquim, venho falando aqui de como tenho participado da criação de uma comunidade que se identifica com bem-estar e qualidade de vida, e que usa o esporte como ferramenta de transformação. Esse momento, na minha visão, é evolucionário dentro da cannabis. Isso porque, até então, o discurso que predominava era o das patologias; e a falta de inovação e conteúdo diferenciado reinava tranquilamente.
Com o crescimento do discurso do esporte e do bem-estar, o cenário brasileiro começou a entender o tamanho de potencial do mercado brasileiro, e a comunicação das empresas do setor começou a mudar. Essa mudança é recente, e mostra como o mercado caminha com cautela; reagindo muitas vezes de forma até ingênua, carente de profissionalismo e focado em construção de um discurso sólido.
A revolução a que (não) me refiro, é aquela que leva a história, a se repetir. É querermos que o mercado da cannabis seja revolucionário, mas continuarmos carregando nossos vícios de hábitos maléficos. É inspirar-se nas histórias de como a cannabis uniu as pessoas no passado, mas não querer pensar no coletivo na hora de atuar. E é, principalmente, querer colher antes de plantar.
Por isso, proponho que não haja uma revolução; e sim uma evolução.
Evoluir para um cenário onde cooperamos para que todo o ecossistema se beneficie. Evoluir para um mindset onde mercados pequenos como o nosso tem players que se ajudam, e que ganham em conjunto.
Evoluir para mostrar aos outros mercados, que é possível co-existir com objetivos diferentes, e que a cannabis é tão multi-funcional como nós seres humanos.
Venho falando para pessoas mais próximas de mim que o que mais me impressiona de estar no mercado da cannabis é ver a transformação interna de cada um. Ninguém fez faculdade para trabalhar com cannabis, e brinco que as pessoas “terminam” na cannabis; já que essa marginalização cultural e profissional perdurou por tanto tempo. E que optar por trabalhar com isso traz sempre reações (e consequências) inesperadas; inevitavelmente transformando e forjando essa evolução interna e externa.
Fica aqui o convite, ou a provocação, para que cada vez mais profissionais queiram se aventurar da maneira correta dentro da cannabis.
Fica aqui o convite, ou a provocação, para que cada vez mais profissionais queiram se aventurar da maneira correta dentro da cannabis. Utilizando o que é permitido legalmente para atuar de forma transparente, mostrando que a cannabis sempre esteve presente na nossa sociedade. E que somos nós quem estamos evoluindo para conseguir, finalmente, se relacionar de forma saudável com essa planta.
*Fernando Paternostro é empresário, triatleta, criador do Atleta Cannabis, pai da Flora e da Bella e colunista do Sechat.
As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e de responsabilidade de seus autores.
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