Sergipe debate ampliação da política de cannabis medicinal no SUS
Encontro do Conselho Estadual de Saúde discutiu novos protocolos e o acesso gratuito a produtos à base de cannabis medicinal na rede pública
Publicada em 18/12/2025

Oferta de produtos de cannabis medicinal e o fortalecimento de uma linha de cuidado completa no Sistema Único de Saúde (SUS). Imagem: Felipe Goettenauer
O Conselho Estadual de Saúde de Sergipe (CES/SE) realizou a sua 291ª reunião ordinária. O foco principal do encontro foi a apresentação e o debate sobre a Política Estadual de Cannabis spp., que viabilizada a oferta de produtos de cannabis medicinal e o fortalecimento de uma linha de cuidado completa no Sistema Único de Saúde (SUS).
Adriana Lohanna Santos, coordenadora de Comunicação do CES/SE, ressaltou a importância do momento em nota oficial. Debatemos a ampliação deste protocolo, assim como a continuidade do grupo de trabalho", afirmou.
A coordenadora também enfatizou o papel da sociedade civil no processo. "Contamos com a participação do movimento social para promover o debate qualificado sobre as necessidades e sobre o processo de construção dessa política, que é tão importante para o nosso estado", completou Adriana.
Avanços no acesso à cannabis medicinal
Durante a reunião, foi apresentado o balanço do Núcleo de Acolhimento em Terapias Especializadas (Nate), que atende atualmente 339 pacientes. O serviço tem sido essencial para garantir mais saúde, bem-estar e qualidade de vida aos sergipanos que necessitam da cannabis medicinal.
O secretário executivo da Secretaria de Estado da Saúde (SES), George Trindade, reforçou o pioneirismo do estado. "A Política Estadual de Cannabis representa um avanço significativo para Sergipe ao garantir acesso qualificado, seguro e baseado em evidências científicas a produtos à base de cannabis medicinal pelo SUS", pontuou.
Trindade destacou ainda a estrutura oferecida pela rede pública. "Somos pioneiros na construção de uma linha de cuidado completa, que acolhe o paciente desde a indicação clínica até o fornecimento especializado", finalizou o secretário.
Novos protocolos de cannabis medicinal
Desde a implantação da política pública, dois protocolos clínicos importantes foram incorporados. O primeiro é direcionado para pacientes com epilepsia refratária, abrangendo condições como Síndrome de Dravet, Síndrome de Lennox-Gastaut (SLG) e Complexo Esclerose Tuberosa (CET).
O segundo protocolo foca no tratamento do comportamento agressivo no Transtorno do Espectro do Autismo (TEA). Maynara Franca, coordenadora de serviços ambulatoriais da SES, explicou a dinâmica do diálogo com o conselho.
“Dialogamos com os conselheiros e acolhemos as contribuições apresentadas. O objetivo é levar essas discussões à gestão e, a partir delas, desenvolver ações que fortaleçam e qualifiquem ainda mais o serviço prestado à população”, destacou Maynara.
Como funciona o tratamento
Para ter acesso aos medicamentos, pacientes com recomendação médica para uso de cannabis medicinal são orientados a procurar o Nate. No local, passam a ser acompanhados por uma equipe médica capacitada, tanto para casos de epilepsias quanto para autismo.
O acompanhamento é contínuo, desde a entrada no serviço e ao longo de todo o tratamento, que pode se estender por anos. O foco é estabilizar o quadro clínico e garantir dignidade às famílias que, muitas vezes, enfrentam uma rotina desafiadora.
Michelle Menezes, representante da ONG Santo Amor de Sergipe, marcou presença na reunião simbolizando a união social com a ciência. "Debatemos a possibilidade de reativação do grupo de trabalho, responsável pela construção e atualização dos protocolos que garantem o acesso de pacientes ao tratamento com cannabis medicinal em Sergipe", relatou.
Ela concluiu reforçando o compromisso da entidade. "Nosso intuito é que o tratamento alcance mais pessoas que precisam", declarou Michelle.


