A influência da cannabis no transtorno bipolar

Pesquisa revela que pacientes que convivem com o distúrbio são mais propícios ao uso dos derivados da planta

Publicada em 22/03/2024

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O transtorno bipolar é como uma montanha-russa emocional, onde os picos de euforia se contrastam com os vales profundos da depressão. Esta condição intricada é uma dança entre genética, química cerebral e experiências de vida. Segundo a Associação Brasileira de Familiares, Amigos e Portadores de Transtornos Afetivos (ABRATA), o transtorno bipolar afeta cerca de 140 milhões de pessoas no mundo e os sintomas aparecem quase sempre antes dos 30 anos, principalmente entre 18 e 25 anos de idade.

Nos bastidores dessa condição complexa, está a genética desempenhando o seu papel. Em entrevista ao portal do Ministério da Saúde, Doris Moreno, psiquiatra da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), aponta que até 80% dos casos de transtorno bipolar são influenciados pela hereditariedade. É comum encontrar histórias familiares marcadas por batalhas contra a depressão, o alcoolismo, entre outros transtornos.

Estudos recentes, como a pesquisa sobre "A prevalência e os correlatos clínicos do uso de cannabis e do transtorno por uso de cannabis entre pacientes com transtorno bipolar", lançam luz sobre uma interseção delicada. Descobriu-se que cerca de 20% dos pacientes com o distúrbio também têm o transtorno por uso de cannabis, sugerindo uma ligação significativa entre o uso dessa substância e os sintomas maníacos.

A cannabis, com sua miríade de compostos químicos, apresenta uma dualidade intrigante. Enquanto alguns indivíduos buscam alívio para os sintomas de humor, evidências sugerem que o uso da substância pode exacerbar os episódios maníacos associados à bipolaridade.

Apesar disso, o estudo aponta para a necessidade de uma análise mais detalhada dos fatores clínicos relacionados ao uso de cannabis entre pacientes com transtorno bipolar. Com uma amostra abrangente de 53 estudos incluídos na análise, a pesquisa destaca a importância de estratégias de intervenção e tratamento específicas para abordar essa comorbidade complexa.

Em suma, a relação entre cannabis e transtorno bipolar é um enigma que requer uma investigação mais profunda. À medida que a jornada pela compreensão da mente humana avança, é essencial explorar esses terrenos desconhecidos com ciência e ética, na esperança de encontrar respostas que tragam alívio e esperança para aqueles que lutam contra essa batalha interna.