Embrapa garante R$ 13,2 milhões da Finep para pesquisa e projeta início do cultivo científico em 2026
O aporte histórico da Financiadora de Estudos e Projetos (Finep) financiará estruturas de ponta em duas regiões do país. A aprovação, somada às recentes autorizações da Anvisa, impulsiona o desenvolvimento de bases científicas do projeto "CBD Brasil" com o objetivo central de reduzir os custos dos produtos medicinais no Brasil, subsidiando a cadeia produtiva nacional
Publicada em 11/12/2025

Imagem: Canva Pro
Em uma entrevista detalhada ao portal Sechat, a pesquisadora da Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e coordenadora técnica do projeto "CBD Brasil" da Finep, Beatriz Marti Emygdio trouxe informações cruciais sobre o futuro da pesquisa de Cannabis no país. O financiamento de R$ 13,2 milhões concedido pela Finep, aprovado integralmente e sem cortes, foi o catalisador que faltava para a implementação de projetos estruturantes na área.
Segundo Emygdio, a coincidência entre a liberação dos fundos e a autorização da Anvisa para os projetos de pesquisa da Embrapa foi um "casamento" necessário.
"A autorização da Anvisa e o aporte de recursos são coisas absolutamente dependentes. Teríamos muito mais dificuldades para estabelecer nossas estruturas para cultivo se não tivéssemos essa aprovação, pois o financiamento é crucial para as estruturas necessárias e adequarmos nossos laboratórios", destacou a pesquisadora.
O Destino dos R$ 13,2 Milhões: Estrutura e Genética
O recurso será integralmente destinado ao projeto único da Finep ("CBD Brasil"), que contempla em grande parte as ações aprovadas pela Anvisa. O foco do investimento é a instrumentalização das unidades de pesquisa, criando ambientes controlados essenciais para a cultura.
O financiamento permitirá a construção e aquisição de:
Estruturas Exclusivas: Casas de vegetação e fitotrons com controle de fotoperíodo, que atendem à exigência da Anvisa de áreas exclusivas para o cultivo científico da planta.
Locais de Cultivo: As estruturas serão instaladas na Embrapa Clima Temperado (Rio Grande do Sul) e na Embrapa Algodão (Nordeste), permitindo o teste de materiais genéticos em condições ambientais distintas e contrastantes.
A pesquisadora reforçou que a genética tem "100% de relevância" para a qualidade e que o plano é trabalhar com materiais modernos, incluindo aqueles já utilizados por associações e universidades no país. "O que já está no país, via associações, são materiais super interessantes e modernos. Vamos aproveitar esse conhecimento adquirido," afirmou Emygdio.
Cultivo Científico em 2026 e a Redução de Custos
Com o financiamento garantido, a expectativa é de celeridade na implementação da fase de cultivo científico.
Beatriz Marti Emygdio projeta que as estruturas para cultivo serão instaladas no primeiro semestre de 2026, dada a excelente classificação do projeto junto à Finep.
Em relação à abertura do mercado para produtores comerciais, o cenário é mais cauteloso. A pesquisadora estima que, mesmo com a publicação das normas de cultivo em março de 2026, o licenciamento de produtores (provavelmente pessoas jurídicas) deve ser um processo lento, com o início efetivo do cultivo comercial ocorrendo apenas no final de 2026.
A principal contribuição da Embrapa, no entanto, será a redução de custos, não através de atuação comercial, mas sim pelo desenvolvimento de tecnologias e cultivares brasileiras que irão subsidiar o estabelecimento e o avanço da cadeia produtiva nacional. "A gente precisa ter produtos mais acessíveis. Isso é fundamental, pois hoje o custo onera não só os usuários, como o próprio governo brasileiro", pontuou a coordenadora técnica, ressaltando o papel da pesquisa pública na competitividade do país.
Agro & Tecannabis no Congresso 2026
Por fim, Beatriz Marti Emygdio reforçou a parceria da Embrapa com o Sechat para o Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal de 2026. O módulo Agro & Tecannabis será ampliado para dois dias, com uma programação "bastante avançada".
A grande novidade será a abertura para a submissão de resumos científicos na área agrícola, uma oportunidade para pesquisadores e o mercado estabelecerem parcerias.
"Esperamos que até maio de 2026 tenhamos o cenário mais claro, com as normas de cultivo publicadas, para que o Brasil tenha o pé na estrada dessa nova caminhada," concluiu Emygdio.


