As recentes modificações na legislação federal dos Estados Unidos, que redefiniram o conceito de THC total e impuseram limites estritos por embalagem (0,4 mg de THC total), estão provocando um reajuste drástico e projetando grandes mudanças no mercado global de cânhamo. A medida, que na prática inviabiliza a produção de extratos com espectro completo (full spectrum) em solo americano, tem um prazo de transição para sua plena vigência (como a definição de diretrizes pela FDA em até 365 dias, além do tempo que empresas terão para se adequar ou migrar), mas já coloca o Uruguai na linha de frente para suprir essa futura demanda internacional.

Em posicionamento, Claudio Valenti, cofundador e Diretor Comercial da LEVENDIS SAS (Extractos del Sur), um dos maiores exportadores uruguaios de derivados de cânhamo para o Brasil, detalhou o impacto da nova regra americana e o posicionamento estratégico do Uruguai.

O Fim do Full Spectrum Americano
 

A legislação americana, conforme noticiado no Sechat, ampliou o conceito de THC para incluir o "THC total" (englobando THCA, delta-8 THC e outros isômeros). Esta alteração, somada ao limite de 0,4 mg de THC total por embalagem, torna inviáveis diversos produtos que circulam livremente no mercado, projetando um vácuo produtivo.

Claudio Valenti explica que a mudança afeta diretamente o fluxo de suprimentos: “A nova legislação federal dos EUA limita o conteúdo total de THC a valores tão baixos que tornam inviável a produção de extratos full spectrum. Isso afeta diretamente fabricantes que abasteciam mercados internacionais, inclusive empresas mencionadas pela ANVISA. De repente, um polo produtivo inteiro deixa de ser funcional para esse tipo de produto”.

A Vantagem Regulatória Uruguaia
 

Diante da instabilidade regulatória nos EUA, o Uruguai surge como a alternativa imediata por oferecer um marco legal claro e estável, que não exige reformulações radicais nos produtos full spectrum.

“O Uruguai já vinha construindo uma reputação de estabilidade regulatória e qualidade industrial,” afirma Valenti. “Nossa lei permite até 1% de THC em produtos derivados do cânhamo, algo impossível nos EUA hoje. Isso nos permite produzir extratos realmente completos, preservando o efeito entourage — essencial para uso terapêutico.”

Experiência Comprovada e Foco no Brasil
 

Apesar do tempo de transição da lei americana, a capacidade industrial uruguaia já está estabelecida e é comprovada por um fluxo contínuo de exportações, sendo o Brasil um destino chave e prioritário.

A LEVENDIS / Extractos del Sur se destaca nesse cenário. Questionado sobre a preparação do país para absorver a nova demanda global, Valenti é categórico: “Totalmente. Somos o maior exportador de produtos derivados do cânhamo do Uruguai para o Brasil. Já trabalhamos com mais de nove marcas vinculadas à ANVISA e entregamos dezenas de milhares de frascos diretamente aos pacientes pelos canais oficiais da RDC 660. Temos escala, experiência e capacidade imediata de absorver a demanda global que não poderá mais ser atendida pelos EUA.”

Valenti também ressalta a versatilidade do país, tanto no cânhamo quanto na cannabis medicinal: “O país tem um setor de cannabis medicinal de grau farmacêutico sem restrições de THC. Isso nos permite desenvolver tanto produtos de cânhamo quanto formulações de maior potência para mercados regulados que exigem níveis terapêuticos mais elevados.”

O Novo Polo Estratégico
 

Para Valenti, o movimento do mercado sinaliza um futuro de consolidação para o Uruguai.

“Que estamos prontos. O Uruguai não só ocupa o espaço deixado pelos EUA — ele se converte no novo polo estratégico de produção para o hemisfério sul,” conclui Valenti. “Com marco regulatório claro, capacidade industrial e histórico comprovado de entrega, somos a alternativa natural para marcas que precisam migrar sua fabricação imediatamente.”