Unicamp estabelece padrão de qualidade para óleos de cannabis domésticos

O objetivo é detalhar a composição de óleos derivados da planta, garantindo assim uma maior segurança em tratamentos medicinais

Publicada em 29/02/2024

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Um passo significativo em direção à segurança e eficácia dos tratamentos medicinais à base de cannabis foi dado pelo laboratório do Centro de Informação e Assistência Toxicológica da Unicamp (CIATox). Este laboratório desenvolveu um modelo pioneiro capaz de controlar a qualidade dos óleos de cannabis produzidos de forma doméstica por famílias ou associações, fornecendo maior confiança para os pacientes autorizados ao cultivo e extração medicinal em casa.

O projeto, liderado pela pesquisadora Marilia Santoro Cardoso, resultou em um método preciso capaz de determinar 12 canabinoides e as estruturas químicas que definem a composição desses produtos. Durante os últimos dois anos, cerca de 900 amostras de todo o Brasil foram analisadas, consolidando um avanço científico significativo no uso terapêutico da planta.

O processo é simples e eficaz. Os pacientes e associações extraem os óleos de cannabis e enviam lotes para o CIATox, localizado em Campinas (SP). No laboratório, os pesquisadores realizam uma análise minuciosa do teor, determinando quais canabinoides estão presentes e em que quantidade. Por fim, os lotes são devolvidos com detalhes precisos da composição, proporcionando aos pacientes uma compreensão exata do que estão consumindo.

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Coordenador-executivo do CIATox, José Luiz da Costa (Foto: reprodução)

A importância desse controle de qualidade é indiscutível. Segundo o pesquisador José Luiz da Costa, coordenador do CIATox, essa iniciativa garante que os pacientes saibam exatamente o que estão consumindo, permitindo ajustes precisos na dosagem e na composição do óleo conforme as necessidades individuais. Isso é especialmente crucial considerando a natureza personalizada do tratamento com cannabis, uma vez que cada pessoa possui um sistema endocanabinoide único.

Com a ampliação do projeto, recentemente contemplado com um financiamento da Frente Parlamentar da Cannabis Medicinal e do Cânhamo de São Paulo, da Assembleia Legislativa do estado (Alesp), o CIATox também irá avaliar a pureza dos óleos, identificando possíveis contaminações por praguicidas, solventes e outros componentes que poderiam comprometer a qualidade.

Essa iniciativa não apenas garante a segurança dos pacientes, mas também contribui para a padronização e a qualidade dos produtos medicinais à base de cannabis, preenchendo uma lacuna significativa em um mercado onde a regulamentação muitas vezes é insuficiente. Com a crescente demanda por alternativas terapêuticas naturais e personalizadas, a Unicamp está na vanguarda, fornecendo um padrão de qualidade crucial para os tratamentos medicinais de cannabis no Brasil.

Leia a matéria completa no g1: https://g1.globo.com/sp/campinas-regiao/noticia/2024/02/24/unicamp-cria-metodo-para-garantir-qualidade-na-producao-domestica-de-remedios-de-maconha.ghtml