Reclassificação da cannabis nos EUA: o que investidores devem observar em 2026
Especialista alerta que a mudança na lei, por si só, não garante crescimento exponencial sem reformas bancárias e acesso institucional
Publicada em 31/12/2025

O Congresso deve cumprir sua promessa e garantir que a reforma federal avance, indica especialista. Imagem: Canva Pro IA
Os investidores do setor estão compreensivelmente otimistas para 2026, após a histórica ordem executiva do presidente Donald Trump em 18 de dezembro. Essa é a visão de Anthony Coniglio, CEO da NewLake Capital Partners, em artigo recente para o MjBizDaily.
A reclassificação da maconha pode ser o catalisador para a valorização das ações. No entanto, isso só acontecerá se o Congresso cumprir sua promessa e garantir que a reforma federal avance, indica o especialista.
É crucial compreender que a mudança legal não garantirá, sozinha, uma reavaliação duradoura das empresas. Para que esse passo histórico gere ganhos sustentáveis, são necessários avanços no acesso institucional e na performance financeira das operadoras.
Acesso institucional e a reclassificação da cannabis
A valorização sustentada das ações exige a entrada de capital institucional, a fonte mais poderosa de demanda no mercado financeiro. Atualmente, a maioria das instituições permanece à margem dos negócios de cultivo nos EUA devido a restrições de compliance e custódia.
A indústria precisa de uma reforma bancária robusta, como a estrutura do SAFER Banking. Isso criaria um porto seguro para que fundos de pensão e seguradoras participem do setor após a reclassificação da cannabis.
Com a mudança da substância para a Lista 3 da Lei de Substâncias Controladas, a reforma bancária se torna mais viável. Somente essa combinação transformará o mercado, hoje movido pelo varejo, em um ambiente de propriedade institucional genuína.
Impacto nos fundamentos das empresas
Mesmo com as portas abertas, grandes investidores focarão nos fundamentos: lucros consistentes, fluxo de caixa e balanços sólidos. A reclassificação da maconha melhora imediatamente essa perspectiva ao eliminar a Seção 280E do código tributário.
A revogação dessa norma fiscal aumenta a lucratividade após impostos e corrige distorções nas demonstrações financeiras. Embora o impacto de curto prazo possa ser atenuado, a longo prazo, o benefício é material para empresas que operam em vários estados.
No entanto, muitos operadores ainda enfrentam dificuldades com margens de lucro comprimidas. A pressão competitiva e custos regulatórios continuam sendo desafios que a reclassificação da cannabis ajuda a mitigar, mas não resolve sozinha.
Concorrência do cânhamo e regulação
A repressão federal aos produtos psicoativos derivados do cânhamo também deve apoiar o mercado regulamentado. Com a proibição de certos produtos prevista para novembro de 2026, produtores de cânhamo precisarão reduzir operações, limpando o mercado de concorrentes menos controlados.
À medida que o cânhamo psicoativo perde espaço, a cannabis regulada recupera poder de precificação. Esse cenário, aliado à reclassificação da cannabis, pode trazer de volta um crescimento modesto, especialmente em novos mercados como Virgínia e Ohio.
Liquidez e cenário para 2026
Historicamente, a baixa liquidez das ações de cannabis dificulta a entrada de grandes instituições. A reclassificação da maconha e a reforma bancária podem impulsionar as avaliações, permitindo que empresas emitam ações para limpar dívidas e fortalecer balanços.
Isso cria um ciclo positivo: balanços sólidos atraem capital institucional, que sustenta a valorização. Contudo, expectativas de fusões e aquisições transformadoras devem ser moderadas, mantendo o padrão de negócios complementares.
Para 2026, o cenário realista é de valorização gradual, não especulativa. O mercado continuará favorecendo investidores de longo prazo e empresas com gestão disciplinada, capazes de navegar as etapas finais da incerteza federal.
Com informações de MjBizDaily



