Um porta-voz da Casa Branca confirmou ao portal Marijuana Moment que o presidente Donald Trump deve se pronunciar sobre a reclassificação da cannabis nesta quinta-feira. Embora o governo norte-americano trate os detalhes com cautela, fontes ligadas ao planejamento indicam mudanças iminentes.

A expectativa é que o presidente assine uma ordem executiva instruindo a transferência da planta da Lista I para a Lista III da Lei de Substâncias Controladas (CSA). O anúncio está previsto para ocorrer por volta das 13h30, horário do leste dos EUA (15h30 no horário de Brasília).

Segundo informações de bastidores, Trump deverá estar acompanhado de representantes da indústria e do movimento canábico durante a assinatura.

Oficialmente, no entanto, a administração mantém a discrição sobre a reclassificação da cannabis. "Quaisquer detalhes sobre essa possível ação, até que sejam oficialmente anunciados pela Casa Branca, são mera especulação", declarou o porta-voz.

Impactos da reclassificação da cannabis e acesso bancário

Caso confirmada, a mudança para a Lista III reconheceria o valor medicinal da planta. Isso reduziria seu potencial de abuso perante a lei federal, equiparando-a a substâncias com menos restrições do que a heroína, por exemplo.

Além da reclassificação da cannabis, a ordem executiva deve pressionar o Congresso a aprovar o SAFER Banking Act (Lei de Regulamentação de Execução Segura e Justa). A medida visa impedir que reguladores federais penalizem bancos por prestarem serviços a empresas licenciadas nos estados. Essa é uma demanda antiga do setor, que enfrenta dificuldades financeiras operacionais.

Outro ponto em discussão envolve o canabidiol (CBD). Especula-se que a ordem solicite aos Centros de Serviços de Medicare e Medicaid (CMS) alterações nas normas. O objetivo seria permitir o reembolso de produtos à base de CBD para beneficiários do Medicare, alinhando-se a declarações recentes de Trump sobre os benefícios do composto.

Repercussão política da medida

A possível medida administrativa gera reações mistas em Washington sobre a reclassificação da cannabis. Na segunda-feira, Trump afirmou considerar o tema "muito seriamente", citando a facilitação de pesquisas médicas. A mudança permitiria ainda que empresas do setor obtivessem deduções fiscais federais, hoje vetadas.

No entanto, a iniciativa enfrenta resistência. O deputado republicano Andy Harris, crítico da legalização, argumentou que o presidente não teria autoridade para reclassificar a substância unilateralmente. Contudo, ele reconhece a dificuldade de anular a medida no Congresso.

Já entre os democratas, o senador Ron Wyden classificou a possível ação como uma estratégia política. Para ele, a intenção seria apenas aumentar a aprovação popular, argumentando que a reforma seria insuficiente.

Contexto da decisão presidencial

A movimentação ocorre após reuniões estratégicas no início da semana. O jornal The Washington Post reportou que Trump recebeu executivos da indústria no Salão Oval. Também estiveram presentes o Secretário de Saúde e Serviços Humanos, Robert F. Kennedy Jr., e o administrador do CMS, Mehmet Oz.

Durante o encontro, o presidente teria contatado o presidente da Câmara, Mike Johnson, que manifestou oposição à medida. Se concretizada, a reclassificação da cannabis representará a mudança mais significativa na política federal de drogas dos Estados Unidos em meio século.

Com informações de Marijuana Moment