Entre quadros de ansiedade, dores persistentes e noites mal dormidas, o canabidiol passou a integrar o cotidiano de muitos brasileiros. Extraído da Cannabis sativa, o composto atua no sistema endocanabinoide, responsável pela regulação de funções como humor, dor, inflamação, memória e sono.

Como o canabidiol age no organismo

Ao interagir com receptores distribuídos pelo corpo, o CBD participa de processos associados ao equilíbrio fisiológico. Estudos indicam que ele reduz neuroinflamação, modula vias de dor, promove relaxamento muscular, melhora a resposta ao estresse, apoia o ciclo de sono e atua como antioxidante e neuroprotetor.

Em epilepsias refratárias, o composto é utilizado para reduzir crises e melhorar a qualidade de vida. No uso cotidiano, faz parte de tratamentos voltados para ansiedade, dores crônicas, burnout e distúrbios do sono. Em doenças neurodegenerativas como Parkinson e Alzheimer, pesquisas seguem em fases iniciais.

O avanço do uso no Brasil

Em 2025, o país alcançou 873.111 pacientes em tratamento, um crescimento de 30% em relação ao ano anterior. A expansão também se reflete no desempenho econômico: o setor movimentou R$ 970,9 milhões, aproximando-se da marca de R$ 1 bilhão, segundo o Anuário da Cannabis Medicinal 2025, produzido pela Kaya Mind.
 

Segundo a médica da família Dra. Carolina Rosa, três fatores explicam essa expansão. “Estamos tendo mais informações sobre a planta, conseguindo derrubar alguns mitos que foram por muito tempo relacionados a ela. O segundo é o aumento nas pesquisas científicas, nos últimos 5 anos houve o maior volume de produção científica na área da cannabis medicinal. E o terceiro é a ampliação do acesso, com resoluções específicas para importação, produtos de farmácia e o aumento das associações nacionais”, pontua.

O papel do canabidiol no dia a dia

Relatos de pacientes apontam melhorias progressivas, como sono mais profundo, redução de ansiedade, dores mais manejáveis, aumento de concentração, sensação de calma e redução de espasmos musculares.

Para a Dra. Carolina Rosa, as mudanças são graduais. “A principal mudança muitas vezes é sutil: acordar menos cansado, sentir menos dor ao longo do dia e reagir com mais clareza evitando os impulsos. Na dor crônica, por exemplo, os canabinóides ajudam na redução da intensidade da dor e maior tolerância, agindo a nível de sistema nervoso. Na ansiedade, estabilizam o humor e reduzem irritabilidade e impulsividade. No sono, regulam o ciclo de sono e vigília, induzindo o sono e melhorando sua manutenção”, explica.

Uso diário, dependência e segurança

Entre as dúvidas frequentes está o risco de dependência. A médica afirma que o CBD não causa esse efeito. “O CBD não causa tolerância, nem dependência. O THC pode apresentar algum grau, mas é facilmente manejado por um médico que entenda o uso medicinal da planta”.

A médica reforça a importância do acompanhamento adequado. “O uso medicinal é seguro, com poucos ou nenhum efeito colateral, e é sempre acompanhado por um médico. O risco de dependência está muito mais associado ao uso desregulado, sem orientação e sem acompanhamento”, conclui.