Canabinoides menores: entenda o potencial da planta além do THC e CBD
Compostos como CBN, CBC e CBG ganham destaque na ciência por suas propriedades terapêuticas distintas e atuação no efeito comitiva
Publicada em 24/11/2025

Embora o Tetraidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD) sejam os mais conhecidos devido à ampla discussão pública, eles representam apenas uma parte do todo. Imagem: Canva Pro
Os canabinoides menores são compostos químicos fundamentais que conferem características únicas à planta Cannabis sativa. Eles podem ser classificados como endógenos, produzidos pelo próprio corpo humano, ou fitocanabinoides, encontrados na planta. Até o momento, a ciência já identificou mais de 100 tipos diferentes dessas substâncias.
Embora o Tetraidrocanabinol (THC) e o Canabidiol (CBD) sejam os mais conhecidos devido à ampla discussão pública, eles representam apenas uma parte do todo. Existem diversos outros compostos, classificados como canabinoides menores, que desempenham papéis relevantes na interação com o organismo.
Estudos apontam que esses canabinoides menores são responsáveis por muitos dos efeitos fisiológicos observados no consumo da planta. Eles podem atuar no alívio de sintomas variados, como dor, náusea, ansiedade e inflamação.
Além disso, pesquisadores destacam o "efeito entourage" (ou efeito comitiva). Essa teoria sugere que os canabinoides menores atuam de forma sinérgica, potencializando a eficácia terapêutica quando consumidos em conjunto, em comparação ao uso isolado.
Visão geral dos canabinoides menores na ciência
Abaixo, apresentamos as propriedades dos compostos mais comuns investigados pela ciência.
CBN (Canabinol): O Canabinol (CBN) resulta, em grande parte, da degradação e oxidação do THC, processo que ocorre naturalmente quando a planta envelhece. Diferente de seu precursor, este é um dos canabinoides menores com baixa ou nenhuma psicoatividade.
- Sedativo: Estudos indicam propriedades sedativas significativas, sendo investigado para insônia e relaxamento muscular.
- Regeneração óssea: Pesquisas sugerem auxílio na regeneração óssea e tratamento de osteoporose.
- Ação antibacteriana: Demonstra potencial no combate a bactérias, inclusive as resistentes a antibióticos.
- Anticonvulsivante: Observa-se potencial na redução de convulsões ou espasmos.
CBC (Canabicromeno): O Canabicromeno (CBC) não produz efeitos psicoativos típicos e tem atraído atenção por sua interação com receptores de dor. É um dos canabinoides menores que sugere eficácia no alívio de dores crônicas sem os efeitos colaterais de analgésicos tradicionais.
- Anti-inflamatório e analgésico: Atua na redução de inflamações e dores.
- Potencial antitumoral: Estudos preliminares apontam o CBC como possível agente no combate a certos tumores.
- Neuroproteção e dermatologia: Indicações de uso na prevenção de doenças neurológicas e tratamento de acne.
- Antidepressivo: Investigado por seu potencial em combater a depressão.
CBG (Canabigerol): Chamado de "mãe de todos os canabinoides", o CBG é o precursor químico que dá origem ao CBD e ao THC. Encontrado em baixas concentrações na planta madura, ele se destaca entre os canabinoides menores por não ser psicoativo.
- Saúde ocular: Tem mostrado eficácia na redução da pressão intraocular, sendo promissor para glaucoma.
- Neuroproteção: Estudos investigam seu uso em doenças degenerativas, como a Doença de Huntington.
- Anti-inflamatório: Potencial para reduzir inflamações intestinais.
- Inibição celular: Pesquisas sugerem capacidade de inibir o crescimento de certas células cancerígenas.
THCV (Tetrahidrocanabivarina): A Tetrahidrocanabivarina (THCV) possui estrutura semelhante ao THC, mas oferece efeitos distintos. Em análises laboratoriais, este integrante do grupo dos canabinoides menores é descrito como energizante e capaz de reduzir o estresse neurológico.
- Controle de apetite: Conhecido por sua capacidade de suprimir o apetite.
- Saúde mental: Pode auxiliar no alívio da ansiedade e em casos de TEPT.
- Controle motor: Estudos sugerem papel na regulação do controle motor e glicêmico.
THCA (Ácido Tetraidrocanabinólico): O THCA é a forma ácida do THC encontrada na planta in natura, sem causar psicoatividade até ser aquecido. O consumo da planta crua visa aproveitar os benefícios destes canabinoides menores ácidos sem alteração da consciência.
- Antiemético: Auxilia na redução de náuseas e vômitos.
- Neuroproteção: Atua na proteção dos neurônios.
- Antiproliferativo: Inibe o crescimento de células cancerígenas em estudos preliminares.
A importância do acompanhamento profissional
A planta Cannabis sativa oferece uma ampla variedade de compostos que interagem de maneiras complexas com o corpo humano. Os itens listados acima representam apenas uma parcela das substâncias identificadas.
Especialistas reforçam que a cannabis não é uma "bala de prata", mas uma ferramenta terapêutica que exige conhecimento técnico. A melhor forma de compreender a interação dos canabinoides menores com o organismo é através de acompanhamento profissional. O tratamento geralmente inicia com dosagens baixas, ajustadas gradualmente para garantir segurança e eficácia.
Com informações de El Planteo


