"Cultivar Cannabis gera empregos e benefício social. Anvisa não levou isso em conta", critica Abrace

Associação autorizada a plantar maconha para fins medicinais emprega 33 pessoas, a maior parte delas no cultivo, "empregos que não serão gerados", critica Cassiano Teixeira, diretor da entidade

Publicada em 06/12/2019

capa
Compartilhe:

Embora o plantio de Cannabis para fins medicinais e de pesquisa tenha sido rejeitado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária em votação na última terça-feira (03), existem no Brasil 51 pacientes autorizados a cultivar a planta em casa, além de uma associação que atende mais de 2 mil pessoas na Paraíba, a Abrace Esperança.

A entidade, com sede em João Pessoa, já opera numa escala mais próxima do industrial do que artesanal. Emprega 33 pessoas atualmente, a maior parte do cultivo. E segundo o fundador e diretor da ONG, Cassiano Teixeira, esse número passará dos 50 com a ampliação da unidade de Campina Grande.

"Cultivar gera mais empregos. Tem um benefício social. Isso a Anvisa não levou em conta. A gente emprega pessoas locais para auxiliar de laboratório, de manutenção, limpeza, tem os vigias", lista Cassiano.

Para o diretor da Abrace Esperança, não será viável depender de um produto importado para a crescente demanda dos derivados de maconha: "para o lucro é vantagem, mas no prisma social é desvantagem".

"Agora é só o empresário colocar um farmacêutico, um químico, um ajudante e está feita a empresa. Importa, chega o extrato, faz a diluição e está pronto. E um cara só vai ter mais lucro!", critica.

A entidade tem uma longa fila de espera, justamente por ser a única no Brasil autorizada a cultivar e produzir medicamentos a base de maconha. Segundo Cassiano, a Abrace pretende atender 10 mil pessoas com a ampliação da unidade de Campina Grande. Foram adquiridas cinco novas estufas e o objetivo é ficar com padrão GMP.

"Eu tenho 2.600 plantas, mas o que eu estou almejando é uma planta por paciente. Então, se eu quero atender 10 mil pessoas, eu preciso ter 10 mil plantas. Em Campina Grande, acreditamos que vamos conseguir 7 mil pés nas cinco estufas.

Em janeiro, a entidade pretende iniciar também a cultura de tecido, a partir da fibra da maconha. Para isso, mais duas pessoas serão contratadas.

undefined
Funcionários do plantio da Abrace Esperança
Funcionárias do laboratório da Abrace
Funcionárias do acolhimento da entidade

Leia também

https://www.sechat.com.br/justica-autoriza-empresa-a-plantar-cannabis-no-brasil-horas-apos-decisao-da-anvisa-contra-o-cultivo/