“Voltei a viver após o óleo de Cannabis”, diz terapeuta com depressão há 30 anos

Após anos convivendo com crises de ansiedade e quadros de depressão, terapeuta holística encontrou na Cannabis a paz que desejava há mais de três décadas

Publicada em 30/01/2020

capa
Compartilhe:

Imagine você ser criança e viver crises profundas de tristeza, ter dificuldade para interagir e chegar a passar um tempo sem falar. Então, aos dez anos, dividir o tempo precioso da infância entre brincadeiras, escola, família e sessões de psicoterapia, que jogaram na mesa o diagnóstico de início de depressão nessa tenra idade. Essa é parte da história da terapeuta holística Maria Rita, de 40 anos, do Rio de Janeiro (RJ).

Desde muito criança, Maria não entendia por que se sentia tão mal. Passou uma infância e uma adolescência forjadas na timidez e com crises de ansiedade latentes que logo desembocavam num quadro depressivo.

“Depoisda cannabis medicinal, minha avó reconheceu o filho pelo nome”, diz neta deidosa com Alzheimer

Bebêdesacreditada por médico nasce saudável após gestante usar óleo de Cannabis

“Maconhapra mim é remédio”, diz mãe de criança com Síndrome de Down e autismo

Um cenário de total instabilidade que na vida adulta se transformou em crises graves, que a deixavam de cama por vários dias, sem sair de casa, precisando de total cuidado da família. E não foi uma, duas ou três vezes. A intensidade e surgimento das crises pareciam acompanhar a evolução dos ponteiros do relógio.

Apesar da gravidade, aindahavia dentro de Maria uma força que ela mesma desconhecia. Portanto, mesmo diantede crises intensas, a terapeuta conseguiu sair do estado depressivo sem a ajudade medicamentos por muitos anos. Mas a vida é movimento.

A derradeira

Aos 30 anos, a terapeuta estava prestes a realizar um sonho: ser mãe. Mas o sonho se desfez diante de três abortos espontâneos e a notícia que não poderia mais gerar um filho. A notícia foi avassaladora. Uma depressão profunda a acometeu e não teve jeito, os antidepressivos entraram em cena, o que aumentou a chateação de Maria.

Então o diagnóstico veio: depressão ansiosa, quadro depressivo que se apresenta após uma crise grave de ansiedade. Após um ano tomando a medicação e praticando ioga, atividades físicas entre outras atividades que poderiam ajudá-la a reduzir os sintomas, Maria foi melhorando. Mas a vida seguiu com seu movimento.

Em 2016 sua mãe morreu. A perdafoi impactante, mas a depressão foi se instalando aos poucos, não foiautomático após o fatídico dia. Em dois anos, a terapeuta se viu diante novamenteda iminência de entrar com antidepressivos. Só que dessa vez os efeitoscolaterais foram intensos. Enjoos, desconfortos abdominais e intestinais eramapenas alguns dos percalços que a terapeuta enfrentava. Mas o agravante era que,mesmo tomando os remédios, a depressão não ia embora.

A esperança em formato degotas

Maria passou praticamente o ano todo de 2019 em casa. Suas saídas se resumiam a idas ao médico e ao terapeuta. Sem trabalho, foi perdendo sua autonomia, autoestima e força. O novo psicólogo apontava um quadro de fobia social, que explicava bastante muitos momentos da sua vida.

No total, Maria agora acumulava junto com a fobia social: depressão, ansiedade, dores na coluna, dislexia e tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune na qual o sistema imune ataca as células da tireoide.

Foi quando soube dos benefícios que a Cannabis poderia trazer para a sua vida, que Maria tirou forças para sair da cama e ir a um seminário internacional de Cannabis Medicinal. Então procurou a associação ABRACannabis (Associação Brasileira para Cannabis), que indicou um psiquiatra prescritor de medicamentos à base de Cannabis.

Hora de viver

Mesmo com a prescrição nas mãos, Maria demorou para conseguir a medicação. A parte burocrática e o alto custo foram adiando o tratamento. Então, em agosto de 2019, Maria começou a tomar o óleo de Cannabis com CBD e THC.

Em pouco tempo, os antidepressivos ficaram no passado, mesmo ainda fazendo testes para entender qual era o melhor tipo de óleo para ela, a gradação mais adequada. Em uma semana tomando o óleo certo, a terapeuta começou a sair de casa, os efeitos colaterais dos medicamentos alopáticos não existiam mais.

Em novembro de 2019, retomou diversas atividades, entre elas o trabalho. E ainda faz uso da pomada à base de Cannabis para aliviar as dores nas costas, causadas pelas hérnias de disco.

Maria afirma que após o óleoela voltou a viver. Foram mais de 30 anos para encontrar sua paz em poucasgotas de um óleo extraído de uma planta ainda vista como um tabu por muitagente.