Tratamento psicodélico: psilocibina é eficaz por até um ano para alguns pacientes com depressão

Segundo um novo estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Medicina Johns Hopkins, nos EUA, a substância psicoativa presente em alguns cogumelos é capaz de auxiliar no tratamento da depressão em um curto prazo de tempo

Publicada em 18/02/2022

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Por João R. Negromonte

Estudo recente realizado por pesquisadores da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos, revela que a psilocibina (substância psicodélica derivada de alguns cogumelos) pode auxiliar no tratamento da depressão, necessitando de menos tempo, em relação às alternativas medicamentosas convencionais, para apresentar um melhor resultado. 

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A pesquisa, publicada na última terça-feira (15), no Journal of Psychopharmacology, denominada “Eficácia e segurança do tratamento assistido por psilocibina para transtorno depressivo maior: acompanhamento prospectivo de 12 meses”, reuniu 27 participantes com histórico de depressão frequente, nos quais a maioria convive com a doença há mais de dois anos.

A média de idade dos recrutados foi de 40 anos, sendo 19 mulheres e 8 homens entre os participantes do ensaio. Dentre eles, 85% relataram que fazem uso de antidepressivos tradicionais, sendo que 58% das 27 pessoas, só fizeram uso desses medicamentos durante suas crises.

Os participantes foram divididos em dois grupos, onde foram encaminhados para reuniões de acompanhamento que duravam de seis a oito horas com dois especialistas chamados de “facilitadores do tratamento”. Esses moderadores, tinham a missão de acompanhar e orientar os pacientes sobre os usos da substância psicodélica.

Após essa preparação, todos os pesquisados receberam duas doses de psilocibina ao longo de duas semanas, intercalando a cada sessão do medicamento com sessões de psicanálise ao longo de 12 meses. Dos 27 participantes, 24 completaram ambas as sessões entre ingestão do componente e avaliação de acompanhamento. 

Segundo Natalie Gukasyan, professora assistente de psiquiatria e ciências comportamentais na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e responsável pelo estudo: “As descobertas aumentam a evidência de que, sob condições cuidadosamente controladas, esta é uma abordagem terapêutica promissora que pode levar a melhorias significativas e duradouras na depressão,” e ressalta: “os resultados que vemos estão em um cenário de pesquisa que exige muita preparação e apoio estruturado de médicos e terapeutas treinados, dessa maneira, as pessoas não devem tentar fazer o tratamento por conta própria.”

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É importante destacar também, que mais estudos ainda são necessários, mas, segundo os pesquisadores, os resultados desse ensaio foram animadores. Ao acompanhar o tratamento, eles puderam observar que os pacientes tiveram uma redução significativa na gravidade da doença ao longo de um, três, seis, e 12 meses, após o início do mesmo.

Para Roland Griffiths, Professor de Neuropsicofarmacologia da Consciência na Escola de Medicina da Universidade Johns Hopkins e um dos autores do estudo: 

“Em comparação com os antidepressivos padrões, que devem ser tomados por longos períodos de tempo, a psilocibina tem o potencial de aliviar de forma duradoura os sintomas da depressão em um espaço de tempo de um a dois anos, isto é, bem menor que os tratamentos convencionais da doença.”

Diversos estudos já relataram a eficácia da psilocibina no tratamento da depressão, restaurando células cerebrais perdidas pela patologia. No entanto, essa nova pesquisa mostra que além do tratamento psicodélico ser benéfico contra a doença, ele garante uma maior qualidade de vida ao paciente durante um menor prazo de tempo.

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