Roda de debate sobre casos clínicos traz experiências positivas sobre prescrição de cannabis medicinal

No Congresso Brasileiro da Cannabis Medicinal, médicos trazem experiências individuais como prescritores de cannabis medicinal que contribuem para conhecimento coletivo do tema

Publicada em 04/05/2022

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Por Ana Carolina Andrade

O encerramento do primeiro dia do Congresso da Cannabis Medicinal aconteceu com uma excelente roda de debate em torno de casos clínicos, com a presença do Dr. Guilherme Marques, médico especialista em dermatologia residente do Centro de Excelência Canabinoide (CEC), Dr. Renan Abdalla, clínico geral dedicado a estudos e pesquisas sobre o Sistema Endocanabinoide, Dr. Mario Grieco, médico com Pós-graduação pela Universidade da Flórida e autor de diversos livros sobre cannabis medicinal e a mediação de Daiane Zappe, da Revivid Brasil.

Os casos apresentados pelos médicos presentes foram debatidos por eles e pelos presentes. Questionamentos sobre qual o procedimento cada um realizaria, se a utilização mais adequada seria focada em CBD, THC, em qual dosagem, além de comentários sobre cada caso foram apresentados e muitas interações dos médicos da plateia e interessados no tema foram feitas.

Na apresentação do Dr. Guilherme Marques, de uma paciente com bipolaridade, que apresentou melhora significativa após o tratamento com cannabis medicinal, um importante ponto foi levantado. É fundamental um acompanhamento próximo e da totalidade de suas questões. Marques relatou todo o contexto de vida da paciente, as outras interações de medicações que ela realizava e como teve que alinhar as expectativas da paciente para um tratamento mais adequado. “O contato próximo do paciente é imprescindível. É preciso achar a dose ideal, começar com pouco, saber quais são as outras interações”, disse.

Os tratamentos com cannabis medicinal têm sido tão positivos, que Dr. Renan Abdalla, trouxe uma experiência comum em seus atendimentos, que um familiar acabe recomendando para muitos outros. Esta foi a situação do caso apresentado por ele, em que a paciente era a avó de um de seus pacientes, e teve uma melhora muito impressionante de seu quadro de glaucoma e ansiedade. “Esse é um ponto que assusta muito a indústria, o CFM, por quê? A cannabis é um medicamento polivalente. Como que o Dr. Renan, clínico geral, diretor de uma clínica está atendendo um paciente meu com epilepsia, com glaucoma? Ai que surge ou outro viés, é exatamente por isso que trouxemos este caso clínico aqui”, relata. No caso descrito ele chegou a ser questionado no Conselho Federal de Medicina, por, como clínico geral, estar atendendo uma paciente com necessidade de especialidade oftalmológicas.

A importância da perspectiva individual dos pacientes em relação ao tratamento e sua relação com a cannabis foi abordada pelo Dr. Mario Grieco a partir de um caso que por muitos anos o intrigou. Uma paciente que havia sofrido vários processos difíceis de saúde e uma perda familiar forte, afirmou que faleceria, o que realmente aconteceu, mesmo sem manifestar nenhuma condição aparente para tal. Grieco acredita que sua postura individual, de não desejar mais viver, era a resposta para a situação, e relaciona isto com a negativa que muitas pessoas trazem com a eficácia da cannabis. “Tem muita gente que fala que cannabis não funciona, depende. Vai ver a dose que toma, como está metabolizando. Tem muitas coisas que falam da cannabis que são inverídicas”, afirmou.