Produtos de beleza saem na frente na corrida da regulamentação tailandesa

Após a Tailândia anunciar as novas regras sobre a cannabis no país, os fabricantes de produtos de saúde e beleza exploram o mercado em ascensão

Publicada em 31/01/2022

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Por João R. Negromonte

O Comitê de Controle de Narcóticos (CCN) da Tailândia parece estar abrindo as portas pro cânhamo industrial. Depois de retirar a planta da lista de substâncias controladas, o país pretende avançar com os mercados que cercam a cannabis, porém com uma ressalva, partes da planta com teor de THC > 0,2% ainda são proibidos. 

Segundo Chaiwat Sowcharoensuk, analista da Krungsri Research (importante banco de dados econômicos do país), “Embora a mudança de política permita que todas as partes da cannabis compatível com THC sejam compradas, vendidas e usadas, a maconha recreativa permanece ilegal, pois as plantas e extratos de cannabis com níveis mais altos de THC ainda são regulamentados”. 

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O país sempre teve uma política sobre drogas bem rígida, por isso, alguns receberam o anúncio do CCN com entusiasmo, entretanto, outros nem tanto, pois esperavam que o órgão cumpriria a promessa de dois anos atrás quando anunciou que permitiria níveis de THC de até 1,0% por peso seco da planta, o que não aconteceu.

Quem se beneficiará com as novas regras?    

Por outro lado, quem gostou e muito da notícia foram as fabricantes de cosméticos, que estão autorizadas a incluir CBD e outros canabinóides (respeitando as normas da agência reguladora) em seus produtos de beleza e saúde, buscando assim tornar o mercado do sudeste asiático o maior do mundo.

Além de lojas de produtos naturais e medicina alternativa, os produtos podem ser adquiridos online. O CBD ainda não é tão popular na Tailândia, mas Sowcharoensuk reforça:

“Produtores de beleza e cosméticos, como sabonetes, shampoo’s e cremes para a pele, provavelmente serão os que mais se beneficiarão com a descriminalização” 

Aumenta a procura por produtos orgânicos

Com a demanda por produtos naturais e sustentáveis em ascensão, cada vez mais pessoas buscam por alternativas que atendam suas exigências. Um estudo feito pelo Conselho de Comércio e Desenvolvimento de Hong Kong (CCDHK), em 2021, sugere que com essa busca por possibilidades fitoterápicas, os setores que investirem no mercado de produtos de beleza em geral podem ter grandes ganhos. 

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Isso se deve ao “apetite insaciável", como descreve os autores da pesquisa do CCDHK, dos consumidores de classe média tailandesa por esses tipos de produtos. Além disso, as redes sociais desenvolvem um papel fundamental nesse contexto, impulsionando o mercado e  seus colaboradores através de propagandas que são capazes de atingir especificamente o público alvo desse setor.

Mercado Bilionário   

Segundo dados do Statista.com, estima-se que o comércio de skincare tailandês atingiu US $4,2 bilhões em 2021 e projeta um crescimento de 5,5% ao ano até 2025. Com a remoção do óleo de cânhamo da lista de substâncias proibidas pelo Ministério da Saúde Pública da Tailândia em 2019, o CBD tornou-se essencialmente legal para importação e venda no país.

Em 2021, o governo autorizou que o componente derivado da planta fosse usado para produção de cosméticos e, embora os produtores estivessem restritos às sementes (pois as flores permaneceram na lista de substâncias controladas), a nova lei fez com que os fabricantes atacassem de forma agressiva o mercado.

Decisão 

Do contrário do que muito gente pensou sobre a descriminalização do cultivo doméstico na Tailândia, a decisão (que aguarda assinatura do ministro da saúde tailandês) abrange apenas o plantio de cânhamo, ou seja, as famílias podem até plantar, porém, sob interpretação estrita da lei, cultivando plantas com teor de THC < 0,2%. 

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Em 2018, a Tailândia se tornou a primeira nação do leste asiático a legalizar e estabelecer regulamentos para a cannabis medicinal, permitindo a prescrição médica. Uma evolução e tanto para um país que até pouco tempo tinha pena de morte para quem fosse pego com derivados da planta.