Para Fernando Henrique Cardoso, maconha é coisa de velho

Ex- presidente abre evento de Cannabis no Brasil. Assista a um trecho da palestra.

Publicada em 08/03/2020

capa
Compartilhe:

Por Valéria França

O prédio do CIVI-CO, polo de inovação para empreendedores, localizado em uma rua sem-saída na zona Oeste da capital paulista, recebeu o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), neste sábado (7). Ele estava ali para abrir o Cannabis Thinking, evento para empreendedores conhecerem e pensarem nas oportunidades de negócios no setor.

Acontecimentos deste porte não costumam chamar a atenção da imprensa. Mas a presença do ex-presidente transformou o prédio em um ponto de encontro de representantes dos principais órgãos de comunicação. Sim, todos queriam saber o que FHC diria sobre drogas. Ele precisou receber os jornalistas em uma sala especial para uma coletiva, antes mesmo da palestra.

Sociólogo, cientista político e escritor, ele foi professor nas universidades de Stanford, nos EUA, e de Cambrige, na Inglaterra. Já de saída, avisou que não usa drogas e que "maconha é coisa de velho." Em uma apresentação de menos de meia hora, disse que a proibição e a guerra às drogas não resolveram nos EUA. O melhore caminho é a regulação.

"No Brasil só não enxerga o que acontece quem não quer. A maconha ou as drogas mais pesadas não estão apenas na favela, mas também nas casas da classe média e dos mais ricos. É preciso restringir, regulamentar, mas não proibir", disse. "O álcool faz mal. Beber todos os dias faz mal. O mesmo acontece com as outras drogas."

"Maconha é coisa de velho. Eu nunca fui usuário." Mas ele tem a experiência de político e sociólogo. Para FHC, a sociedade precisa ser educada e informada. Ela precisa entender a diferença entre o uso medicinal e o recreativo. Todos os casos são possíveis de regulação. "Cada um é responsável pelas suas escolhas. Isso é democracia. A sociabilidade das pessoas se forma em vários setores." Aos 88 anos, FHC está em plena forma.