Maconha pode deixar lista de substâncias altamente nocivas à saúde nos EUA

Departamento de Combate as Drogas (DEA) ajustará a classificação, retirando a planta da Lista I, e movendo-a para Lista III. “Reparação histórica”, afirma especialista

Publicada em 01/05/2024

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Decisão anunciada pelo Departamento de Combate às Drogas dos Estados Unidos (DEA) em relação à maconha reverberou intensamente na última terça-feira (30), quando a agência noticiou sua intenção de realocar a substância para uma categoria menos restritiva. Hoje, a planta e seus derivados estão classificados na Lista I, mesma categoria de drogas como heroína e LSD, mas com a mudança proposta, será realocada para Lista III, equiparada a substâncias como anabolizantes e cetamina.

 

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A Drug Enforcement Administration (DEA; Administração de Fiscalização de Drogas) é um órgão federal de segurança do Departamento de Justiça dos Estados Unidos encarregado da repressão e controle de narcóticos. | Foto: Reprodução/DEA

 

“Estamos falando de uma reparação histórica. Em 1970, a cannabis foi equivocadamente colocada na lista de substâncias controladas dos EUA, a mais restritiva, sem evidência de uso medicinal e com alto potencial de dependência. Médicos e alguns congressistas pediram uma comissão governamental sobre o tema e, em 1972, publicaram um relatório chamado ‘Maconha: um sinal mal-entendido', em que sugeriam até a descriminalização da planta, mas que o presidente Nixon desconsiderou”, conta o médico psiquiatra com amplo conhecimento sobre cannabis, Dr. Wilson Lessa.  

O especialista explica que hoje, após 54 anos de restrições inflexíveis, o DEA reconhece decisão do Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos EUA que, há oito meses defendeu a mudança, justificando que: “A grande maioria dos indivíduos que usam maconha, o fazem de uma maneira que não leva a resultados perigosos para eles próprios ou para os outros”.  

Embora a decisão da DEA ainda precise ser ratificada por outras instâncias do governo dos EUA, é evidente que há um momento favorável a uma mudança de paradigma em relação à maconha. O presidente Joe Biden já expressou seu apoio a essa iniciativa, destacando não apenas a necessidade de reformas legais, mas também a importância de corrigir injustiças passadas, como o perdão de milhares de pessoas condenadas por crimes relacionados à posse da substância.

“A reclassificação da cannabis nos EUA é, de fato, um grande avanço frente à carga de preconceito que se carregou maciçamente nos últimos 100 anos contra a planta. No entanto, o que se espera de um governo progressista, é que a maconha seja retirada da lista de controle especial, assim como o álcool e tabaco no passado”, conclui Lessa.