Estudo revela benefícios e desafios do uso de CBD por atletas olímpicos
Pesquisa com competidores de elite aponta eficácia na recuperação, mas alerta para riscos de doping acidental no uso de CBD
Publicada em 18/12/2025

Atletas de elite estão recorrendo cada vez mais ao canabidiol como ferramenta auxiliar na recuperação física e mental. Imagem: Canva Pro
Uma pesquisa recente, publicada na revista científica Frontiers in Nutrition, revelou dados importantes sobre o uso de canabidiol (CBD) no esporte de alto rendimento. Atletas de elite estão recorrendo cada vez mais ao canabidiol como ferramenta auxiliar na recuperação física e mental.
O levantamento foi realizado com 80 competidores olímpicos e paralímpicos do Canadá, entre os anos de 2021 e 2023. O estudo indicou que, embora a substância seja buscada para controle da dor e melhora do sono, o receio de violações antidoping permanece uma preocupação central.
Conduzido por pesquisadores da Universidade McGill e do Instituto Canadense de Esporte, o trabalho ouviu membros de 27 organizações esportivas nacionais. Os dados mostram que cerca de 38% dos atletas relataram já ter feito uso de CBD em algum momento, sendo que quase um terço mantinha a utilização ativa durante a pesquisa.
Percepção de eficácia no uso de CBD
Os resultados sugerem uma alta taxa de aprovação do composto entre os competidores. Segundo o relatório, 96% dos esportistas que fazem uso de CBD consideram a prática segura para a saúde.
Em relação aos efeitos terapêuticos, 93% afirmaram que a substância melhora a qualidade do sono e 90% apontaram auxílio no relaxamento. Além disso, 77% dos entrevistados atribuíram ao composto a redução significativa de dores musculares após os treinos.
Os autores do estudo destacaram o consenso entre os participantes. De forma cumulativa, os atletas concordaram que o canabidiol "melhorou a recuperação física e mental após o treino ou competição".
Riscos de doping e o uso de CBD
A Agência Mundial Antidoping (WADA) removeu o canabidiol da lista de substâncias proibidas em 2018. No entanto, todos os outros canabinoides — incluindo o tetrahidrocanabinol (THC) — continuam banidos, o que complica o cenário para o uso de CBD seguro.
Os pesquisadores descrevem a situação como "uma linha tênue entre o doping não intencional e o uso intencional de produtos à base de cannabis". A principal preocupação reside na falta de regulação rigorosa dos produtos comerciais, que podem conter traços de THC não rotulados.
O estudo também alerta para fatores biológicos importantes. "Alguns alimentos e bebidas fortificados com CBD demonstraram converter CBD em THC em condições de baixo pH", observaram os autores. Isso poderia produzir níveis de THC suficientes para provocar um resultado positivo em testes de urina, especialmente após esforço físico intenso.
Fontes de informação sobre o uso de CBD
A pesquisa identificou que a orientação recebida pelos atletas sobre o tema raramente provém de fontes profissionais. Muitos relataram ter conhecido o uso de CBD através de amigos ou pesquisas na internet, e não por intermédio de médicos ou treinadores.
Essa lacuna na orientação preocupa os especialistas. "Considerando que os atletas frequentemente relataram obter informações sobre o CBD de amigos e fontes online, também há necessidade de testar intervenções que aprimorem o conhecimento baseado em evidências", pontuaram os autores no artigo.
Cenário internacional do uso de CBD no esporte
O levantamento canadense alinha-se a um movimento global de revisão das políticas sobre cannabis no esporte. Nos Estados Unidos, grandes ligas como a MLB (beisebol) e a NBA (basquete) já removeram a cannabis da lista de substâncias proibidas nos últimos anos.
Um outro estudo, financiado pela NFL em 2024, já havia constatado uma aceitação crescente da planta entre os jogadores. Isso reforça a necessidade de educação contínua sobre os benefícios e riscos do uso de CBD tanto para competidores quanto para equipes médicas.
Com informações de Marijuana Moments e Frontiers in Nutrition.


