Mesmo com proibição, startups brasileiras investem no plantio de cannabis

Produção e venda de canabidiol já é realidade no país, mas matéria-prima precisa ser importada; mesmo assim, empreendedores apostam na liberação do plantio

Publicada em 19/07/2021

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Curadoria e edição de Sechat Conteúdo, com informações de Revista Exame (Victor Sena)

O derivado medicinal da cannabis da farmacêutica Prati-Donaduzzi, encontrado atualmente nas farmácias brasileiras, tem raízes canadenses. Já o da marca Nunature, que deve chegar neste mês às farmácias do país, é do Colorado, nos Estados Unidos. 

A origem gringa é a regra que deve se repetir por outras marcas de canabidiol que aguardam autorização enquanto a legislação brasileira mantém-se rígida para os negócios de cannabis medicinal.  

Apesar de empresas serem permitidas a instalar fábricas, beneficiar e vender canabidiol em farmácias desde o ano passado, por enquanto nada de plantar cannabis medicinal no Brasil, mesmo com fins terapêuticos.  

Isso, porém, não impediu alguns empreendedores de pensarem em negócios que atuam no plantio para fins medicinais.  Duas empresas que já colocaram seus projetos para tocar, mesmo que os negócios ainda não possam acontecer são: Adwa Cannabis e a Kaneh Bosm Genes.

São duas startups criadas em ambientes universitários interessadas em atuar num mercado sem a dependência de trazer o canabidiol do exterior, como ocorre atualmente. 

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Na Adwa Cannabis, startup criada pelo agrônomo e geólogo Sérgio Rocha na Universidade Federal de Viçosa, a ideia é ter o melhoramento genético da cannabis como aliado no modelo de negócios. Isso significa pesquisar a fundo a planta para garantir, por exemplo, sementes sob medida. Com o tempo, a ideia é ter produtos de qualidade superior, um canabidiol gourmet criado em laboratório.

“Se a gente quiser ter disponibilidade de matéria-prima aqui, tem que dominar ela e desenvolver propostas adaptadas ao clima do Brasil, que atendam a diferentes mercados que sejam altamente produtivos, adaptadas às pragas daqui”, explica Sérgio Rocha. 

Apesar de o negócio da Adwa Cannabis ser impedido pela legislação, a startup conseguiu uma autorização legal especial para plantar as plantas em estufas dentro da Universidade Federal de Viçosa e ensaiar as propostas. Na empresa, são cinco sócios e 10 pessoas atuando na operação. 

O Projeto de Lei 399 prevê autorização para esse mercado começar a existir, mas por enquanto ele só foi aprovado em Comissão Especial na Câmara, ainda precisa do aval do Senado e do Palácio do Planalto. Ele prevê a permissão para o plantio industrial, medicinal e de pesquisa da cannabis. No entanto, as coisas não devem ser tão rápidas. 

Para Sérgio, a legislação deve permitir o surgimento de negócios que plantam cannabis em cerca de quatro anos apenas. Como a empresa trabalha com todos os aspectos do cultivo, também desenvolveu um software de gestão agrícola especificamente para cannabis, que deve ter um versão beta até o fim do ano e será lançado para o mercado da América do Sul.

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A ideia é que fazendas de países onde o plantio é permitido, como Uruguai e Paraguai, comprem a licença do aplicativo. Esse é momento do negócio da Adwa Cannabis. O desenvolvimento do software contou com apoio de um edital do Ministério de Ciência e Tecnologia e Inovação. Até o momento, a startup já recebeu apoio de R$ 190 mil do ministério. 

A Adwa, porém, já está em processo de aceleração dentro do ecossistema da The Green Hub, aceleradora de startups do ecossistema de cannabis, fundada em 2019 pelos primos Marcel e Marcelo Grecco. Em 2020, o valuation de 1,66 milhão de reais.

A The Green Hub iniciou com capital dos sócios, mas logo cresceu e recebeu um seed capital em 2019, e em 2020 fechou parceria com a divisão Life Science da farmacêutica alemã Merck, que incentiva as startups por meio da parceria. Hoje, há nove negócios impulsionados, que atuam principalmente no mercado auxiliar. 

O ecossistema de negócios da cannabis medicinal já é realidade no Brasil, principalmente a partir de uma fila de empresas, que inclui farmacêuticas, tentando se enquadrar em regras da Anvisa para vender canabidiol nas farmácias.

Desde 2014, o uso do canabidiol, uma das substâncias da cannabis, é permitido pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Antes de 2020, porém, a única forma de conseguir o acesso à substância era via importação.

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