CBD pode matar bactérias da gonorreia resistentes a antibióticos, revela estudo

Com base nesses resultados promissores, os autores do estudo dizem que o CBD pode formar a base de uma nova classe de antibióticos

Publicada em 04/02/2021

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Curadoria e edição de Sechat Conteúdo, com informações de Analytical Cannabis (Leo Bear-McGuinness)

A próxima arma contra bactérias resistentes a antibióticos pode estar dentro da planta de cannabis, de acordo com um novo estudo.

Pesquisadores da Universidade de Queensland demonstraram, pela primeira vez, que uma forma de canabidiol sintético (CBD) pode matar a bactéria responsável pela gonorreia, meningite e doença do legionário.

Portanto, com base nesses resultados promissores, os autores do estudo dizem que o CBD pode formar a base de uma nova classe de antibióticos. Ela seria a primeira para bactérias resistentes em 60 anos.

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Quebrando barreiras

Publicado na Communications Biology, o novo estudo descobriu que o CBD foi eficaz para acabar com várias espécies de bactérias. Inclui-se a Staphylococcus aureus resistente à meticilina, a “superbactéria” também conhecida como MRSA.

Para chegar a essas conclusões, os pesquisadores aplicaram uma gama de formulações sintéticas e alteradas de CBD à preparações de pele de porco e modelos de camundongos que haviam sido infectados com diferentes bactérias.

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Como resultado, a equipe da Universidade de Queensland logo percebeu que uma forma de CBD era particularmente adepta de quebrar os biofilmes de MRSA. Estes são suportes estruturais viscosos que ajudam as bactérias a sobreviver aos tratamentos com antibióticos.

Os pesquisadores também observaram uma solução de CBD para eliminar a bactéria Neisseria gonorrhoeae, que causa a gonorreia. Essa ação foi particularmente notável, pois se acredita ser a primeira vez que o CBD demonstrou matar uma classe particularmente resistente de bactéria. Elas são conhecidas como bactérias Gram-negativas, caracterizadas por suas espessas membranas externas.

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“Achamos que o canabidiol mata as bactérias ao estourar suas membranas celulares externas, mas ainda não sabemos exatamente como ele faz isso”, disse Mark Blaskovich, professor associado do Instituto de Biociência Molecular da Universidade de Queensland e principal autor do estudo.

Uma futura droga?

Mas, embora as especificidades dos efeitos do CBD possam permanecer desconhecidas, sua ausência não necessariamente impediria a produção futura de drogas. Em declarações à Analytical Cannabis em 2019, Blaskovich destacou que as ações de muitos antibióticos comuns ainda não são totalmente compreendidas.

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“Mesmo para os antibióticos que já existem há muito tempo, como as polimixinas descobertas na década de 1940, ainda não sabemos, por completo, seus mecanismos de ação”, explica. “Se você sabe que é eficaz em matar bactérias e não está induzindo resistência, não deve haver obstáculos no seu avanço, de uma perspectiva regulatória.”

Blaskovich e seus colegas da Botanix Pharmaceuticals Limited, que financiou a maior parte da pesquisa, acreditam que os resultados do estudo são promissores o suficiente para mover as formulações de CBD para os ensaios clínicos.

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Mais estudos são necessários

“Os resultados clínicos da Fase 2 são esperados no início deste ano. Esperamos que isso abra caminho para tratamentos para gonorreia, meningite e doença do legionário”, disse Vince Ippolito, presidente e presidente executivo do Botanix, em um comunicado.

Conforme a resistência aos antibióticos se torna uma crescente crise de saúde em todo o mundo, quaisquer novos candidatos a antibióticos são altamente valorizados. 

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No entanto, apesar do futuro promissor do CBD como um antibacteriano, Blaskovich faz questão de enfatizar que os efeitos antibióticos do composto são atualmente aparentes apenas em formulações preparadas. Porém, não em produtos comercialmente disponíveis, como óleos e bálsamos.

“Eu certamente não aconselharia os consumidores a sair e tomar muito canabidiol por conta própria para tentar tratar infecções - certamente para infecções sistêmicas; beber ou inalar canabidiol não se mostrou eficaz de forma alguma”, disse ele à Analytical Cannabis em 2019.

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