Cannabis e celebridades: uma parceria que pode dar certo

Qual é o peso para a sociedade quando uma pessoa famosa se posiciona a favor do uso medicinal ou adulto da cannabis? É o que comenta Cintia Vernalha em artigo.

Publicada em 10/03/2022

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Por Cintia Vernalha

A Mondial anunciou a Juliette como head de criação, o Nubank convidou a Anitta para compor o seu conselho de administração, a Marina Ruy Barbosa hoje faz parte do time da Arezzo. O último ano foi uma explosão de marcas convidando celebridades para cargos executivos. Mas o que está por trás desse movimento e o que a indústria da cannabis tem a ver com isso?

Não é novidade celebridades divulgarem produtos e serviços. O objetivo das empresas sempre foi encontrar formas de se conectar com seus consumidores, e ninguém melhor que celebridades para encurtar esse caminho. Uma empresa contratar uma celebridade ou um influencer querido do público para falar dos seus produtos faz com que a conexão seja quase que instantânea. Mas no mundo da internet, onde tudo é muito rápido, as marcas precisaram encontrar formas de tornar o engajamento maior do que apenas um post pago. E as celebridades, por sua vez, precisaram encontrar formas de realmente serem donas do resultado que geram.

Hoje muitos influencers são vistos como grandes hackers de cultura. Eles recebem milhões de comentários e curtidas nas redes sociais e podem, melhor do que ninguém, antecipar as tendências do mercado. As marcas ganham não apenas um garoto propaganda, mas também ganham um colaborador, que irá contribuir com a definição das estratégias de como atingir o público que ele tanto conhece. 

Em cannabis, tudo que envolve o marketing ainda é um campo escuro. Quase nada é permitido e por isso as celebridades têm um papel ainda mais importante. Em uma indústria desenvolvida em grande parte no marketing boca a boca, as celebridades e sua cobertura na imprensa têm sido indispensáveis para disseminar informações e ajudar a quebrar o preconceito. 

O universo da cannabis ainda é muito fechado e, para a indústria crescer no Brasil e no mundo, não basta que apenas as pessoas que gostam e precisam da planta lutarem para que possam utilizá-la. Precisamos que toda a sociedade entenda a importância desse tema e esteja disposta a discuti-lo.

É nesse ponto que as celebridades têm um papel fundamental. Quando vemos o Marcelo D2 pedir a legalização ou o Snopp Dog abrir uma empresa de cannabis não é tão impactante quanto uma celebridade que não é do meio se colocar a favor. Esse é um movimento que começamos a ver em países que estão mais avançados na regulamentação, e que precisamos ver também no Brasil.

Na medida em que associar sua imagem à cannabis se torna menos arriscado para as celebridades tradicionais, mais pessoas ingressam na indústria e ajudam a construir esse mercado. Construindo ou apoiando marcas já existentes, investindo ou apoiando o consumo, para a indústria não importa, o importante é que mais pessoas se posicionem e exijam mudanças.

Lógico que, da mesma forma que as empresas, muita gente está surfando a onda da cannabis para uma promoção individual e para se mostrar antenado a um tema que tem aparecido frequentemente nas manchetes. Por isso, o novo modelo de parceria entre os influencers e as marcas pode ser um caminho interessante tanto para as celebridades que realmente querem se envolver e colaborar com o tema, quanto para as marcas que precisam de uma relação de longo prazo. 

Nesse novo modelo, a indústria de cannabis se beneficia ao agregar uma nova visão e um novo perfil ao negócio. A cannabis atinge diferentes públicos de diferentes formas e nada melhor do que diferentes visões para trazer essa individualidade.

Mas vale lembrar que uma celebridade não é o único decisor para uma marca ou produto ter sucesso. Da mesma forma que existem marcas de celebridades que explodiram, existem outras que não deram assim tão certo. A verdade é que, igual a qualquer outra indústria, os consumidores querem produtos em que possam confiar, que tragam qualidade, constância, autenticidade e atendimento. A celebridade é apenas aquele “empurrãozinho” que as pessoas precisam para tomar coragem e entrar nesse mundo novo. 

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e não correspondem, necessariamente, à posição do Sechat.

Sobre o autor:

Cintia Vernalha mora nos EUA, onde conheceu e se apaixonou pelo mercado de cannabis. Com mais de 15 anos trabalhando na área comercial de grandes corporações como Nestlé, Reckitt Benckiser e EMS, hoje une a sua paixão pela planta, a sua experiência executiva e a sua vivência em um dos maiores mercados de cannabis para assessorar empresas que desejam atuar ou melhorar seu posicionamento no Brasil.