Canadá pesquisou riscos da maconha antes de legalizar o uso recreativo

Governo canadense encomendou estudo dos possíveis efeitos nocivos da planta, para que pudesse tomar decisões responsáveis ​​sobre como ela deveria ser vendida, embalada e tributada

Publicada em 05/09/2019

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O portal Sechat traz a seguir a tradução de uma parte do artigo escrito pelo jornalista Emily Sohn para a revista Nature chamado “Medindo os perigos da Cannabis”. O texto faz parte de um suplemento independente desta que é um das principais publicações científicas do mundo.


Em outubro de 2018, o Canadá se tornou o segundo país (depois do Uruguai), a permitir o uso de maconha, não apenas por razões médicas, mas também para fins recreativos. Na preparação para a legalização plena , o governo canadense encomendou um estudo dos possíveis efeitos nocivos da planta, para que assim pudesse tomar decisões responsáveis ​​sobre como a droga deve ser vendida, embalada e tributada, explica Fiona Clement, pesquisadora de políticas de saúde na Cummings School of Medicine da Universidade de Calgary.

Clement e seus colegas analisaram os resultados de 68 análises de pesquisas sobre cannabis. Dessas análises, 62 mostraram associações entre a droga e vários resultados adversos, incluindo direção prejudicada, aumento do risco de acidente vascular cerebral e câncer testicular, alterações cerebrais que poderiam afetar o aprendizado e a memória e um vínculo particularmente consistente entre o uso de cannabis e doenças mentais envolvendo psicose. Os riscos foram maiores para adolescentes, mulheres grávidas e pessoas que já correm risco de doença mental.

Há evidências dos riscos agudos e crônicos da droga, mas ainda restam muitas perguntas sobre a quantidade de maconha em excesso e como os compostos na planta interagem para amortecer ou agravar os efeitos nocivos. À medida que reivindicações de benefícios à saúde se tornam cada vez mais comuns, essas são perguntas importantes a serem respondidas. Usuários e legisladores precisam estar cientes dos riscos para poder fazer escolhas informadas, afirmam os pesquisadores.

“Acredito firmemente que há benefícios para os canabinóides para fins médicos. E acredito que milhares de pessoas usam maconha com segurança”, destaca Andrew Monte, médico de emergência e toxicologista médico do Campus Médico da Universidade do Colorado Anschutz, em Aurora. Mas, como acontece com qualquer medicamento no mercado, ele diz, os usuários precisam conhecer os possíveis efeitos colaterais.

"A maconha não é a raiz de todo mal, nem é a cura para todas as doenças. Você precisa entender o que é bom e o que é ruim e depois tomar uma decisão equilibrada"