Midnight Gospel: nova série do Netflix aborda uso da maconha e de outras substâncias

Em um universo fantástico, o tema das drogas é discutido sobre a ótica de um médico e um usuário

Publicada em 24/05/2020

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Por Caroline Apple

***Contém spolier***

O personagem Clancy, da nova série Midnight Gospel, da Netflix, busca em outros planetas e dimensões, por meio de uma máquina de simulador de universos, entrevistados interessantes para o seu Espaçocast, um podcast veiculado no espaço. E no primeiro episódio, “Malditos Zumbis”, o tema abordado é o uso da Cannabis e de outras substâncias.

A série utiliza entrevistas realizadas pelo apresentador e roteirista Duncan Trussell em seu podcast, o Duncan Trussell Family Hour. Portanto, os diálogos são reais, mas inseridos no mundo fantástico criado por Pendleton Ward (criador de Hora de Aventura).

A primeira aventura do personagem principal seria em uma versão da Terra, a I-9432, mas o computador avisa que “devido a um erro operacional facilmente evitável” todos os seres foram eliminados. Então, uma nova versão da Terra é escolhida, a 4-169, que, por outro erro operacional, enfrenta um apocalipse zumbi.

Isso não é um problema para Clancy, que escolhe o terráqueo Homem de Óculos como alvo da sua missão. Com o avatar Marombado (na versão em português), o personagem embarca para a Terra povoada por zumbis.

Lançado no espaço como uma espécie de cometa, Clancy chega ao planeta Terra onde ocorre uma manifestação pela legalização da maconha em meio ao risco de os manifestantes serem devorados por zumbis.

O Homem de Óculos, que se apresenta como presidente, é, na verdade, a versão cartoon do médico californiano David Drew Pinsky, especialista em tratamento de vícios e famoso no rádio e na TV nos EUA. Pinsky esteve à frente do programa de rádio Loveline por 32 anos, onde respondia questões de jovens e adolescentes sobre sexo, saúde e relacionamentos. Loveline foi adaptado para TV e transmitido pela MTV.

A entrevista começa no gabinete presidencial e o papo é sobre os ativistas. O Homem de Óculos, ou Drew Pinsky, é questionado com dados sobre os benefícios da maconha medicinal. Então, o personagem cita um estudo que aponta que com a legalização do uso adulto o uso de opioides baixa, além de ser uma opção para pacientes com dores crônicas.

Clancy coloca seu ponto de visto sobre os efeitos psicoativos da maconha, que ele sugere ser um processo de autoconhecimento por meio da expansão da consciência, uma vez que a suposta “paranoia” na verdade é uma forma do indivíduo ter acesso a questões internas até então ocultas. E que, segundo o personagem, isso tem seu lado positivo.

Porém, a opinião do seu entrevistado é mais pragmática. “As drogas não são boas ou ruins. São compostos químicos, que simplesmente existem no mundo, criados por nós ou pela natureza. A relação que os humanos têm com essas substâncias é que é o problema. Que efeito que elas têm no corpo de cada um ou o que engatilham. Esse é o problema”, diz o Homem de Óculos.

Então, os personagens vão tecendo uma teia de raciocínio sobre como as drogas são “bem-vindas” em alguns casos, como na preparação para um exame, por exemplo, e como a mesma substância pode causar problemas em outras circunstâncias.

O episódio segue cruzando o tema das drogas com meditação, budismo, uso de alucinógenos e outras práticas de autoconhecimento para lidar como "a realidade como ela é".

Por fim, "não existe droga ruim e sim as circuntâncias", finaliza o Homem de Óculos.

Assista! (serviço disponível para assinantes do streaming)