Maconha virou negócio de banqueiro, destaca Marcelo Tognozzi em artigo

Já faz algum tempo que a cannabis atrai grandes investidores internacionais e até mesmo bilionários, como George Soros e Sean Parker

Publicada em 14/10/2019

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O jornalista e consultor independente há 20 anos, Marcelo Tognozzi, publicou um texto de opinião no portal Poder 360 para falar sobre a movimentação econômica da maconha e de como a planta chamou a atenção do mercado financeiro mundial, recebendo investimentos de vários setores e grandes empresas.

No meio de tudo, o governo brasileiro resiste. A ala mais conservadora da sociedade também. Mas já faz tempo que a maconha virou um negócio de banqueiros e grandes investidores internacionais como os bilionários George Soros e Sean Parker, um empresário de 40 anos com patrimônio de 2 bilhões de dólares.

Três dos maiores bancos espanhóis (BBVA, Bankinter e Caixa) já possuem grandes investimentos em empresas produtoras e processadoras de maconha, a chamada indústria da cannabis. Em fins de novembro de 2017, o BBVA comprou por 1 milhão de Euros 58 mil ações do grupo canadense Canopy Growth, maior produtor de cannabis do mundo.

No fim do ano passado a empresa multiplicou por 3 seu valor em bolsa. Na mesma época, a Aurora Cannabis comprou por 1 bilhão de dólares a concorrente Canimed Therapeutics. Banqueiros sentem de longe o cheiro dos lucros.

Em 2010 Soros escreveu um artigo para o Wall Street Journal (“Porque eu apoio a legalização da maconha”), no qual elogiou o ex-presidente Fernando Henrique, entre outros líderes, como um dos apoiadores da legalização. O bilionário tem feito lobby para a legalização do plantio para uso medicinal e recreativo no Brasil e em outros países tanto da Europa como da América Latina. Usa para isso sua ONG, a Open Society, ou outras sob sua influência como a Viva Rio.

A indústria de cannabis nos Estados Unidos e Canadá já emprega cerca de 200 mil pessoas e fatura anualmente cerca de 20 bilhões de dólares. Deve chegar aos 200 bilhões em 2026 de acordo com estimativas do Banco de Montreal.

Estes números comprovam que a maconha já é um setor do agronegócio reconhecido mundialmente e com ações cotadas nas principais bolsas de valores. O uso recreativo não é o principal negócio. O que dá dinheiro de verdade são os remédios, óleos, bebidas, alimentos e até cosméticos que utilizam canabidiol, o princípio ativo da maconha.

Esta é uma discussão que incomoda os conservadores, igrejas e órgãos de segurança, mas é preciso encarar o assunto de frente. Condenada por décadas e décadas como uma droga distribuída pelo crime organizado, pelas bocas de fumo das favelas, a maconha ganhou up grade social e econômico, transformada em xodó de banqueiros e bilionários. Ben Klover, um dos herdeiros da destilaria que produz o bourbon Jim Bean, um dos mais famosos do mundo, já anunciou o lançamento de um produto “batizado” com cannabis. Imagine o efeito disso.

Os americanos podem ser muito conservadores para certos costumes, mas são para lá de avançadinhos quando o assunto é dinheiro. Já entenderam –certamente pesquisaram a exaustão hábitos, necessidades e gostos dos consumidores do atacado e varejo– o tamanho do negócio e vão atropelar.

O governo precisa de uma boa estratégia para negociar com maior vantagem possível a entrada do Brasil num mercado que crescerá cada vez mais. Negar que a questão econômica tende a prevalecer sobre os costumes, especialmente quando se trata de produção de medicamentos, não é a melhor política.

Foto: Poder 360