Laerte deixou as muletas após usar cannabis mas aguarda cirurgia há 6 anos

Uma dor no quadril se transformou num grande pesadelo para esse paulistano, que encontrou na maconha, não só um tratamento eficaz, como uma nova causa na vida

Publicada em 10/09/2019

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Laerte Ladário Rodrigues é um paulistano de 36 anos que vive hoje no interior de Minas Gerais para tratar sua coxartrose, que é o processo degenerativo das cartilagens do quadril. No estágio mais avançado da doença, ele já estava acamado, com quadro de depressão. Através da cannabis, ele voltou a ter uma vida normal e deixou inclusive as muletas. No entanto, ainda tem severas limitações de movimento e aguarda há quase 6 anos por uma cirurgia de implantação de prótese de quadril.

Ele está desde 2013 na fila do SUS aguardando por esta prótese no Hospital São Paulo. Desde então, se tornou um ativista da maconha medicinal nas redes sociais, onde toca a página Cannabis Medical Evolution, e está trabalhando com artesanato e dreadlocks, já que sua condição de saúde não permite mais exercer a atividade de vigilante, que era o que fazia na capital paulista.

Ele foi ao médico após começar a sentir muitas dores no quadril. Foi diagnosticado com a doença e afastado das atividades. Passou a tomar remédios fortes para a dor que lhe afetaram estômago, rins e intestinos. Através da defensoria pública de SP, conseguiu que a empresa onde trabalhava lhe pagasse a cirurgia de artroscopia. No entanto, a operação piorou o quadro do Laerte e lhe trouxe sequelas irreversíveis.

"Parecia que minha perna ia explodir, jogava dipirona na boca, mas isso afetava meu coração. Tomei todo tipo de anti-inflamatório, opioide. Estava no fundo do poço", conta.

Laerte faz uso do óleo de CBD e THC via pulmonar

Ele conheceu a cannabis medicinal através de um sobrinho que teve melhoras se tratando com a planta. Conheceu um médico que lhe prescreveu o uso do óleo e também THC via pulmonar - no caso fumado mesmo.

"Depois da cannabis, eu parei de usar a muleta mas ainda manco um pouco. O que está segurando a dor é a cannabis, me ajudando a manter o equilíbrio, porque eu não aguento caminhar por muito tempo, não posso mais correr".

Sem condições de trabalho, ele foi para próximo da mãe, na pequena cidade de Frutal, no triângulo mineiro, recomeçar a vida. Está conseguindo o remédio através de doações.

Nos últimos meses, Laerte se envolveu muito mais com a cannabis medicinal do que apenas tratar sua doença. Ele entrou para a associação Mãesconhas do Brasil, e fez alguns cursos sobre cannabis medicinal com o Dr. Paulo Fleury. Está se tornando uma espécie de terapeuta canábico da rede Green, um grupo de usuários, cuidadores e profissionais de diversas áreas envolvidos com o tratamento através da cannabis.

O paulistano, no entanto, não tem esperança de que seja chamado para a cirurgia de implantação da prótese de quadril: “enquanto a cannabis continuar me ajudando, eu não preciso disso".