Inglaterra: Protocolo novo para maconha medicinal

Publicada em 21/05/2019

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O British Medical Journal publicação ligada General Medical Council, equivalente ao nosso Conselho Federal de Medicina, divulgou agora em abril uma revisão clínica de prescrição de produtos a base de cannabis e canabinóides. A revisão é de autoria dos principais cientistas e clínicos das Universidades de Bath e University College London (UCL). 

O ponto de destaque do estudo aponta para diferenças importantes entre produtos contendo THC (o principal componente psicoativo da cannabis) e o CBD (o elemento não-intoxicante). Vale ressaltar que em certos medicamentos, o CBD e o THC combinados trazem benefício clínico. Em muitos outros, os dois componentes podem funcionar de forma independente, desempenhando papéis diferentes na melhora de certos sintomas.

Por exemplo, vários estudos descobriram que uma combinação de THC e com CBD pode aliviar dor crônica, enquanto o CBD sozinho pode ser eficaz para a epilepsia. Por outro lado, o THC sozinho pode funcionar no tratamento de náuseas e vômitos causados ​​pela quimioterapia.

O THC e o CBD são canabinóides que agem de formas diferentes no sistema canabinóide endógeno do corpo humano.

A planta cannabis sativa produz mais de 144 canabinóides diferentes, como THC ou CBD. Alguns medicamentos contêm THC e/ou CBD derivados do vegetal, enquanto outros contêm canabinóides produzidos sinteticamente. 

O cientista médico psiquiatra Tom Freeman, do Grupo de Dependência e Saúde Mental da Universidade de Bath, faz um alerta no documento: "Uma mensagem importante é que os produtos de CBD amplamente vendidos on-line e em lojas de alimentos saudáveis ​​não têm padrões de qualidade e não devem ser tratados como medicamentos".

Os pesquisadores esperam a melhoria do ambiente científico sobre o uso da cannabis já que os derivados da planta tiveram o status alterado no Reino Unido. Isso quer dizer que haverá mais recursos para novos estudos. O Dr. Freeman ainda sublinhou que a pesquisa sobre produtos de cannabis não licenciados tem sido limitada até o momento. “A reclassificação da maconha e a alocação de fundos de pesquisa dedicados do Reino Unido melhorarão as evidências que temos para guiar a tomada de decisões clínicas", conclui.

Sobre a mudança no protocolo do conselho de médicos britânicos o co-autor do documento, Dr. Michael Bloomfield Chefe de Psiquiatria Translacional da University College London (UCL) acrescentou na nota do BMJ: “Esperamos que nossa nova orientação seja útil para médicos e pacientes em todo o mundo. São necessárias muito mais pesquisas para essa nova classe de medicina."

No link abaixo, você pode acessar o novo documento. O texto está em inglês: 

https://www.bmj.com/content/365/bmj.l1141