“Eu ainda vou ver a cannabis medicinal ser distribuída pelo SUS”, diz William Dib em live

Na transmissão ao vivo que foi ao ar ontem, dia 8 de fevereiro, o ex-presidente da Anvisa revelou que seu projeto sempre foi a democratização da planta, mas encontrou diversas barreiras no caminho

Publicada em 09/02/2022

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Por João R. Negromonte

Em entrevista exclusiva ao portal, que aconteceu ontem (8), em nosso perfil no Instagram, o cardiologista, político e ex-Anvisa, Dr. William Dib, falou um pouco sobre sua história como político, sua trajetória na agência sanitária e como a planta nos trouxe até o cenário de hoje. 

Ele revelou também que seu primeiro contato com o uso medicinal da cannabis foi quando entrou para Agência Nacional de Vigilância Sanitária, onde, através de audiências públicas, teve a oportunidade de conhecer diversas associações, médicos e principalmente mães de pacientes que o procuravam para contar suas histórias. 

Dib, que na juventude foi Secretário de Saúde na cidade de São Bernardo do Campo (SP) e posteriormente prefeito, foi um dos responsáveis pela criação do Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), que hoje conhecemos apenas por SUS, no qual o médico defende assiduamente. 

“A cannabis medicinal veio preencher uma falha na nossa medicina. Em determinadas patologias onde não existia mais alternativas terapêuticas, ela se mostrou grande eficácia com pouquíssimos efeitos colaterais. Dessa maneira, se ela estiver disponível no SUS, o acesso seria democratizado, o que para as classes mais baixas da população, seria um grande benefício,” e completa: 

Eu ainda vou ver, apesar da idade já avançada, a cannabis medicinal ser distribuída pelo SUS.

Dr. Pedro Pierro, diretor científico do Sechat, neurocirurgião e prescritor de cannabis, agradeceu ao Dr. Dib por ter contribuído com a criação da norma, a RDC327/19, que regulamenta a cannabis medicinal no Brasil. Dib, por sua vez, ressaltou:

“Quem tem que agradecer sou eu! Agradecer a essas mães e todos aqueles que colaboraram de alguma forma para que essa resolução fosse aprovada. Sem essas pessoas, eu não faria nada sozinho.”

Outro tema que foi assunto na live, foi a questão da RDC 327/19, que regula a fabricação, importação, comercialização, prescrição e dispensação de produtos derivados da cannabis. Em pergunta, Dib foi questionado sobre as dificuldades de se construir uma norma dessas no Brasil. Em resposta, ele disse:

“Pensando nos aspectos técnicos, acabamos dividindo a RDC em duas partes, uma que tratava sobre o auto-cultivo, e outra que abrangia a importação dos insumos. Dessa maneira, cada grupo foi pesquisar mais sobre o direcionamento e, após os diretores voltarem de viagens por países que já tinham alguma regulamentação a respeito da cannabis, onde aprenderam muito sobre o tema, foi decidido por voto da maioria que a segunda opção (importação) seria a mais viável. Entretanto, fui voto vencido na agência, pois acredito que somente com uma produção nacional, conseguiremos avançar nas pesquisas e baratear os custos dos medicamentos de cannabis no país.”

Dib afirma também, que o Brasil importa quase 90% de tudo que consome em saúde. Dessa maneira, a cannabis faria uma grande diferença nesse processo, gerando renda e empregos, além de baratear os custos dos medicamentos para o consumidor final.

“Hoje, a classe média até consegue pagar um advogado e judicializar o acesso e a produção, porém, é a classe mais baixa que não tem condições de adquirir esses produtos, aí o que faremos? Seria um avanço para o Brasil não ficar subserviente aos preços desses insumos no mundo.” 

O cardiologista tratou também de diversos outros assuntos como lei de drogas, desmistificação cultural, perspectivas para o futuro da legislação brasileira a respeito do uso medicinal da cannabis e o PL 399/15. Ele inclusive expôs sua opinião sobre uma possível votação do projeto de lei para ainda esse ano. Se você não teve tempo de acompanhar a nossa live, a oportunidade é agora. Basta dar play no vídeo abaixo e assistir a esta transmissão emocionante!

Confira:

https://www.youtube.com/watch?v=dWyLPi1dJGc