Cannabis em 2022 - O gigante adormecido

Estreando sua coluna no Sechat, Erick Ponce, fundador da ICAN, empresa focada no mercado da cannabis na América Latina, traça suas perspectivas para o futuro da cannabis em 2022

Publicada em 09/02/2022

capa
Compartilhe:

Por Erick Ponce

A promessa da Cannabis continua forte e começa este ano de 2022 com passos de gigante, mas ainda não firmes. É que a corda bamba da regulação (excesso de regulação ou falta dela), da vontade política (e do medo), bem como da situação geral e particular (crise sanitária e econômica) nos coloca em um chão pantanoso pelo qual devemos cruzar.

Embora essa “mudança de paradigma” e uma transformação abrangente, seja algo que deva ser visto como um processo de longo prazo, é importante nos perguntarmos: onde estamos hoje?

Quando em 2013 o Uruguai deu o sinal mais claro de que a América Latina estava pronta para a legalização e adoção da cannabis não apenas como ferramenta, mas como uma indústria totalmente nova, uma “onda verde” começou em toda a região. O Uruguai se juntou à Colômbia em 2016 e, posteriormente, ao México em 2017, assim, o restante dos países da região vem avançando pouco a pouco.

O que é interessante é a abordagem com que esta abertura à legalização vem avançando e credenciando.

De um lado, a abordagem médico-terapêutica, que acomoda os usos farmacêuticos da planta e o desenvolvimento de novos medicamentos. Isso, de mãos dadas com a abordagem social, tornou-se praticamente uma força imparável na região; sendo que milhares de pacientes e suas famílias não estão dispostos a desistir de tratamentos à base de cannabis, muitas vezes como a única alternativa para suas doenças ou desconfortos.

Claramente este caminho não tem sido fácil, devemos combater as ideologias e doutrinas predominantes da medicina, bem como as ideias herdadas do paradigma proibicionista. Há um grande grupo de médicos especialistas que não conhecem e não reconhecem as aplicações terapêuticas da medicina canabinóide. Isso significa que é urgente incluir esses tópicos nos currículos universitários e mudar a abordagem médica que estuda a cannabis apenas pelo seu potencial de abuso.

Por outro lado, podemos ver claramente que a discussão sobre o potencial terapêutico da planta costuma ser um prelúdio para permitir outros usos da planta, e eles não estão errados. A tendência mundial é que a regulamentação dos usos medicinais da cannabis antecipe os usos industrial e adulto da mesma.

Esse discurso, em termos da descrição da planta para seus usos e seu potencial, usado de forma correta, tem a capacidade de gerar impulso para alcançar as mudanças necessárias.

Porém, entre o combate ao narcotráfico (ou a famosa “guerra às drogas”), a falta de conscientização junto às autoridades, a ausência de formação curricular e acessível aos profissionais de saúde sobre o assunto, a generalização e falta de distinção entre cannabis e seus diferentes usos, corrompe todo o discurso.

Todas essas preocupações sobre os possíveis riscos, sugerem as portas para uma legalização regional e completa; o debate ainda está aberto e a controvérsia continua.

As opiniões veiculadas nesse artigo são pessoais e não correspondem, necessariamente, à posição do Sechat.

Sobre o autor:

Erik é um empreendedor nato e fundou sua primeira empresa aos 16 anos. Em 2003, criou a Fadermex, empresa especializada em personalização de prescrições médicas no México. Foi convidado a participar como investidor, consultor e aliado do Grupo Artcan, uma empresa americana dedicada ao cultivo, extração, processamento e comercialização de cannabis e produtos derivados, com atuação em diversos estados americanos.

Em 2017, fundou a ICAN, empresa focada no mercado de cannabis medicinal na América Latina, que promove a educação, informação, colaboração e certificação sobre cannabis e seus derivados.

Em 2019, foi eleito presidente do "Grupo de Promoção da Indústria de Cannabis", grupo mexicano sem fins lucrativos que unifica a indústria, com a participação de players internacionais e locais.

Em 2021, foi nomeado vice-presidente da "American Network of Cannabis Associations", rede de associações que buscam unir o mercado de cannabis sob a visão de compartilhar boas práticas, padrões de qualidade e melhorias regulatórias para impulsionar a indústria da cannabis.

Erick tem participado como palestrante em diversos espaços, nacionais e internacionais, onde foi convidado por grupos privados e governamentais, incluindo países como Canadá, Chile, Colômbia, Equador, Estados Unidos, Peru e, claro, México.

O texto de Erick Ponce foi escrito originalmente em espanhol, confira na íntegra:

Cannabis en 2022 - El gigante dormido

La promesa del Cannabis sigue con fuerza e inicia este año 2022 con pasos agigantados, pero no aún firmes; y es que la cuerda floja de regulación (sobre-regulación o la falta de la misma), de la voluntad (y temor) política, así como la situación general y particular (crisis sanitaria y económica) nos pone en un piso pantanoso por el cual debemos cruzar.

Si bien, este “cambio de paradigma”, una transformación integral, es algo que debe de ser visto como un proceso de largo plazo, es importante preguntarnos ¿en dónde nos encontramos hoy día?

Cuando en 2013 Uruguay dio la señal más clara que Latam estaba listo para la legalización y adopción del cannabis como no solo una herramienta, sino como toda una nueva industria, inició un “oleaje verde” en toda la región; a Uruguay se unió Colombia en 2016 y, más tarde, México en 2017 y así el resto de países en la región han ido avanzando poco a poco.

Lo interesante es el enfoque con el que se ha ido procediendo y acreditando esta apertura a la legalización. 

Por un lado, el enfoque médico-terapéutico, que acomoda los usos farmacéuticos de la planta y el desarrollo de nuevos medicamentos. Esto, de la mano con el enfoque social, se volvió prácticamente una fuerza imparable en la región; y es que miles de pacientes y sus familias no están dispuestas a renunciar a los tratamientos a base de cannabis, muchas veces como la única alternativa a sus dolencias o malestares. 

Claramente este camino no ha sido fácil; debemos combatir las ideologías y doctrinas predominantes de la medicina, así como las ideas heredadas del paradigma prohibicionista. Existe un amplio grupo de médicos especialistas que desconocen y no reconocen las aplicaciones terapéuticas de la medicina cannabinoide. Esto significa que es urgente incluir estos temas en los currículos universitarios y cambiar el enfoque médico que estudia el cannabis únicamente por su potencial de abuso.

Por otro lado, podemos claramente ver que la discusión sobre los potenciales terapéuticos de la planta, suele ser una antesala a la discusión para permitir otros usos de la planta, y no se equivocan. La tendencia mundial es que la regulación de los usos médicos del cannabis, anticipe los usos industriales y adultos de la planta. 

Este discurso, en cuanto a la descripción de la planta por sus usos y su potencial, usado correctamente, tiene la capacidad de generar momentum para lograr los cambios necesarios.

Sin embargo, entre la lucha contra el narcotráfico (o la famosa llamada “guerra contra las drogas”), la falta de sensibilización ante las autoridades, la ausencia de educación curricular y accesible para los profesionales de la salud sobre el tema, la generalización y falta de la distinción adecuada entre el cannabis y sus diferentes usos, corrompe el discurso en su totalidad. 

Todas estas preocupaciones en torno a los posibles riesgos, dejan entrever las puertas a una legalización regional y completa; el debate sigue abierto y la polémica continúa.

Las opiniones expresadas en este artículo son personales y no necesariamente corresponden a la posición de Sechat.

Sobre el Autor:

Erik fundó su primera compañía a los 16 años. En 2003, fundó Fadermex, una compañía líder en formulación magistral (personalización de prescripciones médicas) en México.

Fue invitado a participar como inversionista, consultor y aliado en Artcan Group, una empresa estadounidense dedicada al cultivo, extracción, procesamiento y venta de cannabis y productos derivados, con operaciones en diversos estados de la unión americana.

En 2017, fundó ICAN, empresa enfocada en el mercado de cannabis medicinal en Latinoamérica y al mismo tiempo promoviendo la educación, información, colaboración y certificación sobre el cannabis y sus derivados.

En 2019, fue elegido presidente del "Grupo Promotor de la Industria del Cannabis", un grupo mexicano empresarial sin fines de lucro que unifica a la industria, con la participación de jugadores internacionales y locales.

En 2021 fue nombrado vicepresidente de la “Red Americana de Asociaciones de Cannabis”, la red de asociaciones que busca unir al mercado de cannabis bajo la visión de compartir buenas prácticas, estándares de calidad y mejora regulatoria para impulsar la industria de cannabis.

Erick ha participado como ponente en diversos espacios, tanto nacionales como internacionales, donde ha sido invitado tanto por agrupaciones privadas como de gobierno, incluyendo países como Canadá, Chile, Colombia, Ecuador, Estados Unidos, Perú, y por supuesto México.