Ativismo é necessário pois pacientes ainda são reféns, diz portadora de epilepsia

Publicada em 21/09/2019

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Carolina Freitas é uma jovem carioca de 19 anos, estudante de História, que foi diagnosticada com epilepsia refratária em 2015. Em consulta com o neurologista Dr. Eduardo Feveret, ele receitou uma medicação à base de cannabis, e a família procurou a Associação de Apoio á Pesquisa e Pacientes de Cannabis Medicinal (Apepi), pedindo ajuda para ter acesso ao óleo. O remédio teve efeito tão positivo na doença que a Carolina acabou virando ativista da causa e hoje é inclusive estagiária da Apepi. A jovem escreveu um artigo para o portal Sechat em que destaca a importância do ativismo, já que os pacientes ainda são reféns dos produtos clandestinos ou dos importados, inacessíveis para grande parte da população.

Me descobri epilética em 2015, e as crises frequentes vieram em 2017, quando fui diagnosticada com epilepsia refratária, de difícil controle. Entre cirurgias e diversos remédios, a maconha surgiu como uma nova possibilidade terapêutica.

Simultaneamente, também cresceu em mim o engajamento nesta luta. A militância surge quando o interesse coletivo fala mais alto do que o individual dentro do coração. E quando isso acontece, devemos ser fortes para lutar pelo que acreditamos.

No mundo da maconha medicinal, percebi que os pacientes viram reféns, ou seja, pagam caríssimo em óleos importados ou recorrem ao mercado ilegal. Por isso que, ao nos engajarmos, paramos de pensar só em nós mesmos e sim naqueles que não tem condição de financiar um remédio de R$ 1,5 mil por mês.

Vemos a luta que as associações protagonizam para atender a demanda de óleos (para os que têm autorização para plantar), conscientizar, planejar cursos, facilitar o acesso à cannabis em meio a toda burocracia.

Quando pensamos em legalização, não queremos uma legalização na qual quatro ou cinco indústrias farmacêuticas vão deter o monopólio da produção, e sim, óleos nacionais de qualidade, dosados e acessíveis. Por isso que o auto cultivo também é uma pauta importantíssima. Queremos o direito de plantar nosso próprio remédio. Enquanto não temos isso, resistimos e lutamos das formas que nos são cabíveis. Avante!